
Para isso, o tesouro que lhe deixava nas mãos era mais que suficiente. Acontece, porém, que o jovem, muito ambicioso e egoísta, arquitetou um plano para enganar o próprio pai, a fim de gozar todos os prazeres imediatos da vida, e usou a fortuna comprando materiais inferiores para a obra. Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar o mármore precioso, punha madeira barata;
e nos alicerces, onde a construção reclamava pedra sólida, aplicava terra batida... Com isso, economizou largas somas que consumiu, junto de amigos rebeldes.
Quando o monarca voltou, surpreendeu o príncipe abatido e cansado, a apresentar-lhe uma cabana defeituosa e pobre,ao invés de uma casa nobre.
O rei, no entanto, deu-lhe a chave do pequeno casebre e disse-lhe, bondoso:
- A casa que mandei edificar é para você mesmo, meu filho... Não é a residência que sempre sonhei para ti, mas devo estar satisfeito com a que você próprio escolheu...
A ignorância e o egoísmo são as maiores causas do nosso sofrimento. Comparemos o soberano do relato acima a Deus, nosso Pai. O príncipe da história poderia ser qualquer um de nós. A fortuna para construirmos nossa moradia são todos os recursos com que Deus nos abençoa na vida: a inteligência, a saúde, o trabalho, o livre arbítrio para decidirmos nosso próprio caminho. Quase sempre, contudo, gastamos o tesouro da existência em caprichosas ilusões, e acabamos relegados ao sofrimento, gerado pelo mal uso que fazemos da fortuna que Deus coloca à nossa disposição. Mas, aquele que se consagra à bênção do dever, por mais áspero que seja, adquire a tranquilidade e a paz que o Supremo Senhor lhe reserva, por executar, fiel, a sua divina vontade,
que planeja sempre o melhor para seus filhos.