Milton Medran
Bizarra
esta notícia. Mas, faz pensar. Na cidade paranaense de Manuel Ribas,
câmeras de segurança flagraram o exato momento em que um ladrão entrava
numa igreja para...roubar! Até aí nada demais. Há muito que as igrejas
deixaram de ser um lugar respeitado e temido por ladrões. O inédito do
caso é que o bandido, antes de ingressar no templo, fez o sinal da cruz.
Benzeu-se para roubar. E teve êxito. Levou uma grana da secretaria da
paróquia e outra do quarto do vigário, que guardava dinheiro para uma
viagem internacional.
As religiões trabalham com dois elementos: o culto e a moral. Adotam rituais, gestos e orações destinados a proteger e ajudar os crentes. Isso é o culto. Mas, também ensinam a prática do bem, do amor ao semelhante, do não fazer aos outros o que não se quer para si. Isso é a moral. Tem gente que das religiões só pratica o culto. Rezam, fazem promessas, negociam com Deus, com anjos, santos e espíritos. Dirigem a eles louvores, oferendas e homenagens. Mas, passam a vida toda sem dar o menor valor àquilo que deveria ser o fruto de sua fé: a prática do bem, a transformação moral, a reforma interior.
Está aí a diferença entre religião e espiritualidade. A religião, com seus ritos e mandamentos, nem sempre consegue espiritualizar o ser. Porque espiritualidade é questão pessoal. Valores que se cultivam na intimidade da alma. Transformadora, ilumina consciências e atitudes perante a vida.
Há quem seja religioso só nas práticas exteriores. No culto, apenas. Já o sujeito verdadeiramente espiritualizado, este o é em todas as circunstâncias da vida. Mesmo sem nunca entrar numa igreja. Como escreveu Léon Denis, ele tem “por templo o universo e por altar a consciência”.
Jornalista
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