terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O Direito dos "Sem Alguma Coisa"
Notícia dos jornais: Duas mil pessoas invadem prédios em Salvador
De princípio ficava entendido que os “Sem Terra” eram aqueles que haviam saído dos trabalhos da terra por invasão das águas das represas em suas propriedades, não tendo eles as compensações de receberem em paga novas terras.
Na evolução os sem terras passaram a ser todos os que podem acampar em vastas áreas de terras à espera de receber algum vantajoso pedaço de chão agricultável e, maliciosamente, muitas vezes estimulados e usados para fins politiqueiros. Daí que todo mundo é sem alguma coisa, com os mesmos direitos dos chamados sem terra.
Acontece, daí que o cidadão, relutando, proclamando seus direitos foi levado à presença do delegado com a acusação de ter furtado um automóvel.
- Delegado! – Iniciou o policial fazendo a acusação- Este meliante foi acusado pelo comerciante Izak, ali da praça do Pelourinho, de ter furtado o carro monza 2.005 de propriedade do Izak. Também este ladrão, nega ter roubado ao ter se apossado do veiculo ilegalmente, que estava estacionado na rua e a rua é pública, em frente à loja do Izak.
- Ponha este meliante em detenção e vamos lavrar a acusação, mas ficará preso em flagrante- sentenciou o delegado.
O aprisionado levantou o protesto, com toda a elegância e firmeza:
- Senhor delegado! O senhor não pode atender à acusação deste distinto policial. Realmente ele está procurando cumprir as obrigações de policial. Apenas há um grave engano. Eu não sou um ladrão. Eu não roubei o carro do Sr. Izak. Eu procedi a uma invasão de propriedade. Eu sou um sem condução. Um sem automóvel e invadi uma propriedade. Como os sem terra, o sr. Izak, tido como proprietário, que entre em juízo com um pedido de reintegração de posse deste automóvel. Se o Sr. Juiz conceder a sentença da reintegração de posse a favor do dito proprietário e se o Exmo. Sr. Governador autorizar ao sr delegado que me faça restituir o bem, assim o farei, sem reação e sem violência. Mas até que se cumpra a sentença o bem ficará na minha posse com direito de uso e ainda exigindo que o sr. providencie um posto de gasolina que me abasteça o veiculo até o final desta questão.
Muito lógica a argumentação do suposto ladrão que não se apossou do veiculo para o desmanche e nem leva - lo para o Paraguai ou para um receptador. Assim também aconteceu em outra delegacia onde o cidadão foi preso com a acusação de ter assaltado uma senhora e ter se apossado do dinheiro da distinta.
- Sr. Delegado! Eu não roubei, Eu sou um sem dinheiro. A senhora deve entrar com uma ação judicial que a favoreça na reintegração de posse do numerário. Uma vez declarada a sentença de restituição do dinheiro e se o sr. Governador autorizar, a polícia poderá me intimar a devolver o dinheiro, o que farei sem mais relutância, procurando outro possuidor do bem considerado improdutivo e simplesmente guardado por usura.
Aí é que a coisa prossegue tendo acontecido que outro cidadão seqüestrou uma bela senhora e diante da acusação de seqüestro se defendeu dizendo:
- Sr. Delegado eu não seqüestrei. Eu sou um sem mulher e me apossei da distinta. O sr. não pode me prender e apenas direi onde a tenho mediante uma sentença judicial e a autorização do sr. Governador para a intervenção policial para a reintegração de posse... Se ela não se apaixonar por mim. E o direito da mulher sem homem? Ah! Daí o bicho pega.
Assim ficamos diante do direito dos sem alguma coisa, mas fica a interrogação de um problema da maior gravidade.
Como agem e reclamam dos seus direitos certos tipos de pessoas que fazem parte do grupo dos sem vergonha? Estes são cheios de direitos.
Faço referência aos sem vergonha. Estes, mensalinhos e mensalões e sangue sugas e Al Capones. Parece que estão acomodados e não se preocupam ao se apossar de alguma coisa, pela comodidade de serem possuidores de caras de pau, com privilégios e, supomos, apenas deveriam se apossar de potes de cera lustrosa para polir a própria cara ostentando na vida pública o palavrório mentiroso e enganador em benefício das agradáveis mordomias e regalias régias dos cargos públicos muito bem remunerados.
Como bons defensores da classe dos sem vergonha se exaltam como defensores da moral e da pátria, declarando-se defensores da miséria.
Ninguém discorda de que são defensores da miséria, mas na verdade não são defensores dos miseráveis, desenvolvendo trabalhos e atitudes que favoreçam a saída da situação deprimente em que vivem os rejeitados.
Fahed Daher – Médico - Apucarana - Paraná
ddaher@sercomtel.com.br
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.
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