por Sergio Prata
No mesmo momento em que o Rio de Janeiro ainda conta seus mortos e procura pelos seus desaparecidos, o que no final das contas poderá vir a ser computado o inimaginável número de mais de 1.300 (mil e trezentos) mortos, nossos inescrupulosos políticos, como não podia deixar de ser, resolveram fazer uso da tragédia como palanque, aproveitando da fragilidade da população, que sequer pode se indignar, enquanto chora seus mortos e se aflige com seus desaparecidos.
O Rio de Janeiro vem se apequenando ao longo dos anos, alvo de políticas equivocadas de ocupação do solo, muitas delas já citadas em matérias anteriores, o que rotineiramente vem levando ao êxodo interno. Enquanto a capital, as médias cidades e as cidades em fase de industrialização e grandes investimentos recebem migrantes de todos os cantos do país, a população natural e/ou com mais de 20 (vinte) anos de moradia na região metropolitana, buscam outras paragens pelo interior, o que é observado de bom grado pelos políticos interioranos.
Não existe exceção! Por motivos óbvios os políticos do interior querem a ocupação do solo, transformando o que era rural em urbano, enquanto os políticos da região metropolitana sustentam com suas varinhas mágicas (as canetas) uma moradia sobre a outra em áreas de risco, na busca incessante pelo aumento da arrecadação e do quociente eleitoral, ignorando por completo os impactos ambientais e sociais, transformando os inocentes úteis, neo-citadinos, em massa de manobra.
Para que prevenir se é mais dispendioso remediar! Nossos políticos não estão preocupados com as vítimas, o que conta são os números e as estatísticas. Afinal, quem paga a conta é a “viúva”! Transformaram a tragédia em motivo para exploração política e banca de barganha, e hoje estamos diante da resposta que transformou a negligência em tragédia.
Porque nos últimos 4 (quatro) anos, dos quase R$ 1 trilhão de reais disponibilizados pelo MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL para o PROGRAMA DE PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO PARA DESASTRES, o estado do Rio de Janeiro recebeu um pouco mais de R$ 1 milhão, enquanto que o estado da Bahia, só no último exercício recebeu R$ 39,4 milhões do mesmo programa?
Louco pela mídia, o Prefeito da Capital do estado do Rio de Janeiro voltou para si o foco das lentes e dos refletores, e se antecipando aos recursos do governo federal criou o sistema de alerta de desastres naturais a partir das informações captadas pelo radar metereológico da prefeitura, que identifica a probabilidade de chuvas, instalando a primeira base no Morro do Borel, na Zona Norte da cidade, que se funcionar, poderá vir a garantir a manutenção de milhares de vidas.
Embora o Prefeito não tenha informado de onde partem os recursos para atender as necessidades de 117 (cento e dezessete) comunidades com milhares de moradias em área de risco, equivocadamente do ponto de vista lógico, mas corretamente do seu ponto de vista político, garantiu que não promoverá a retirada das famílias e que não demolirá as moradias instaladas nas áreas de risco, informando ainda que desenvolverá obras de contenção das encostas naqueles locais.
Quem viver verá!
Será?
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