quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Compaixão

Escasseia, na atual conjuntura terrestre, o sentimento da compaixão. Habituando-se aos próprios problemas e aflições, o homem passa a não perceber os sofrimentos do seu próximo.

Mergulhado nas suas necessidades, fica alheio às do seu irmão, às vezes, resguardando-se numa couraça de indiferença, a fim de poupar-se a maior soma de dores.

Deixando de interessar-se pelos outros, estes esquecem-se dele, e a vida social não vai além das superficialidades imediatistas, insignificantes.

Empedernindo o sentimento da compaixão, a criatura avança para a impiedade e até para o crime.

Olvida-se da gratidão aos pais e aos benfeitores, tornando-se de feitio soberbo, no qual a presunção domina com arbitrariedade.

Movimentando-se, na multidão, o indivíduo que foge da compaixão, distancia-se de todos, pensando e vivendo exclusivamente para o seu ego e para os seus. No entanto, sem um relacionamento salutar, que favorece a alegria e a amizade, os sentimentos se deterioram, e os objetivos da vida perdem a sua alta significação tornando-se mais estreitos e egotistas.

A compaixão é uma ponte de mão dupla, propiciando o sentimento que avança em socorro e o que retorna em aflição.

É o primeiro passo para a vigência ativa das virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o bem-estar pessoal.

O individualismo é-lhe a grande barreira, face a sua programação doentia, estabelecida nas bases do egocentrismo, que impede o desenvolvimento das colossais potencialidades da vida, jacentes em todos os indivíduos.

A compaixão auxilia o equilíbrio psicológico, por fazer que se reflexione em torno das ocorrências que atingem a todos os transeuntes da experiência humana.

É possível que esse sentimento não resolva grandes problemas, nem execute excelentes programas. Não obstante, o simples desejo de auxiliar os outros proporciona saudáveis disposições físicas e mentais, que se transformarão em recursos de socorro nas próximas oportunidades.

Mediante o hábito da compaixão, o homem aprende a sacrificar os sentimentos inferiores e a abrir o coração.

Pouco importa se o outro, o beneficiado pela compaixão, não o valoriza, nem a reconheça ou sequer venha a identificá-la. O essencial é o sentimento de edificação, o júbilo da realização por menor que seja, naquele que a experimenta.

Expandir esse sentimento é dar significação à vida.

A compaixão está cima da emotividade desequilibrada e vazia. Ela age, enquanto a outra lamenta; realiza o socorro, na razão em que a última apenas se apiada.

Quando se é capaz de participar dos sofrimentos alheios, os próprios não parecem tão importantes e significativos.

Repartindo a atenção com os demais, desaparece o tempo vazio para as lamentações pessoais.

Graças à compaixão, o poder de destruição humana cede lugar aos anseios da harmonia e de beleza na Terra.

Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o teu próximo, o mundo, e, compadecendo-te das suas limitações e deficiências, cresce em ação no rumo do Grande Poder.

Divaldo P. Franco. Da obra: Responsabilidade.

Um comentário:

  1. MEU AMIGO JUCA, SEMPRE LEIO SUAS LINDAS MENSAGENS, É UM BLOG INFORMATIVO E DE UM EXCENTE BOM GOSTO.
    SEMPRE TE VI COMO UM ATLETA DO FÍSICO, HOJE TE VEJO COMO UM ATLETA DE MENSAGENS, DE MENTE.
    SEMPRE DESPONTANDO PARA UMA MELHORA PESSOAL.
    SÓ QUE AGORA TAMBÉM ESTA MELHORANDO OS AFINS.
    SINTO ORGULHO DE COMPARTILHAR SUA AMIZADE, QUE COMEÇOU NO PAME.
    COM O AMOR DE SEMPRE TIO CHICO(VASCONCELOS)

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