quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sobre o ENEM

Quem não tem competência não se estabelece.

Ralph J. Hofmann

Toda esta grita sobre o ENEM é apenas mais um indicativo do que tem nos acossado ao longo de 8 longos anos e deverá continuar nos acossando por mais, pelo menos, quatro.

Por um lado o ENEM se torna astro de mais uma comédia negra. Os erros cometidos desta vez seriam facilmente detectados antes da prova por um revisor minimamente preocupado, ao custo do uso de uma caneta de tinta vermelha de aproximadamente três reais. O custo de rastrear os erros, ajustar as grades aos ajustes, será de milhões. E ainda assim o exame nunca escapará da suspeição.

Por outro lado é ridículo pensar que o Ministério pretenda ser tão ineficiente. Para que se expor desta maneira?

Assim como o governo nunca se propôs a sujeitar a agropecuária a um surto de aftosa, a não executar projetos de habitação ou irrigação ou tantas outras coisas ocorridas nestes anos. O problema é qualitativo.

O nosso atual governo não sabe governar. Só sabe falar. Quem visse a Dilma discursando sobre os planos feitos diria que ali estava uma técnica de mão cheia. Tudo planejado, tudo nos conformes, se houver uma variável no projeto basta chamar em tela os planos e dar entrada nas variáveis e buscar alternativas para cumprir os prazos, para alcançar os efeitos desejados.

Todo indivíduo que tenha sido obrigado por dever de ofício a apresentar um relatório gerencial ou uma defesa de projeto em empresa já sabe fazer isto. E sabe que isto se faz apenas de posse de dados reais e de soluções baseadas em casos anteriores ou que incorporem soluções anteriores.

Mas para isto é preciso um aprendizado. Devem existir mentores. Os mentores devem saber o que se propõem e se não entenderem do assunto por não estar no campo de suas experiência anteriores deve existir um especialista em algum lugar.

Infelizmente a qualificação básica para os ministros, que deveriam ser mentores é a fidelidade partidária. A seguir, os peritos que deveriam suprir a capacitação técnica também precisam ser recrutados entre pessoas que façam jus ao alto salário por sua “capacitação política”. Lembram o nome disto? Aparelhamento.

Então a capacitação técnica acaba estando lá pelo quinto escalão. O amanuense que esteve no ministério 25 anos, sabe tudo, nunca recebeu um CC, e vai se aposentar em breve. Nem está dando a mínima, ao contrario, vai adorar ver o circo pegar fogo.

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Não, não é que o governo não queira planejar. Não sabe planejar. E mais, quando tem um plano bom, um orçamento bom, um cronograma bom, não raro precisa se curvar ante um bilhetinho anunciando que vai ter de abrir mão de alguns bilhões do projeto para manter satisfeitos deputados, senadores, antigos membros do governo afastados, blocos de carnaval, concertos de samba ou o querosene de aviação do Força Aérea 1.

Planos servem para criar um arcabouço lógico para dotamentos orçamentários que possam ser utilizados de uma ou outra maneira a critério de quem tiver poder para desviá-los. (Autorizo o uso da definição acima por qualquer articulista que a ache útil – R.J.Hofmann).

Retirado do site Prosa e Política.

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