Estresse, carga emocional elevada e pedido de afastamento recusado podem ter sido alguns dos motivos que levaram o sargento da Aeronáutica, Juvenal Liberato,50, a tentar suicídio dentro do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 4), por volta das 12h30 de ontem. O militar, que atua na área administrativa do Centro Integrado, subtraiu uma pistola calibre 9 mm de um outro militar (soldado) com a intenção de se matar, travou luta corporal com o ‘colega de farda’ e atirou no próprio tórax.
O sargento Liberato foi socorrido pela equipe médica do Cindacta 4 e encaminhado às pressas para o Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, Adrianópolis, Zona Centro-Sul. Na unidade hospitalar, ele foi submetido a uma drenagem no peito para a retirada de sangue, acumulado por conta da perfuração do projétil. Ele deve ser transferido na manhã de hoje para o Hospital Militar da Aeronáutica, localizado na Base Aérea de Manaus, Zona Sul.
A família do militar, que reside no Estado do Ceará, deve chegar ao Amazonas no dia de hoje para acompanhar a recuperação do sargento.
Fonte extra-oficias informou que o sargento teria pedido o afastamento do trabalho por problemas psicológicos há vários dias, mas ontem pela manhã, um dos superiores da vítima, teria recusado o pedido, no qual motivou o militar a tentar contra a própria vida. “Um conhecido me falou que ele saiu chorando da sala do superior depois de ter o afastamento negado. Isso demonstra que ele estava em depressão, e por isso, tomou a arma do colega militar e atirou no seu peito”, comentou uma fonte.
A assessoria de comunicação do 7º Comando Aéreo Regional (Comar) confirmou a versão de tentativa de suicídio, porém não entrou em detalhes sobre o motivo que levou o militar a cometer o suicídio dentro do Cindacta 4. “Tudo está sendo apurado por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM) que foi instaurado, ainda no dia de hoje (ontem), para apurar as causas do fato ocorrido”, disse a assessora de imprensa do 7º Comar, tenente Daniela Callegaro.
De acordo com informações de Daniela Callegro, o soldado que tentou evitar o suicídio (cujo o nome não foi revelado) foi dispensado da escala de serviço no dia de ontem e, posteriormente, deve ser ouvido pelos membros da Aeronáutica que apuram o IPM.
Depressão
Uma fonte que conhece um militar que atua no Cindacta - 4, e que preferiu não se identificar, ressaltou que vários militares sofrem de problemas psicológicos e que muitos estão deprimidos por conta das tarefas desenvolvidas no Centro Integrado. A fonte informou que o sargento Liberato já tentou se suicidar por duas vezes fora de serviço, depois de ter seguidos pedidos de afastamento negados. “Muitos militares fazem tratamento à base de medicamento controlado. Ele tentou se envenenar por duas vezes, mas foi socorrido há tempo, antes de ir a óbito. Não sei o que acontece lá (Cindacta), ele entrou bem de saúde, mas hoje sofre de problemas sérios com a saúde”, revelou.
Acompanhamento e militarização.
Uma outra fonte militar informou que esta é a primeira vez que ele tem conhecimento de um episódio de um militar ter sido vítima de ferimento por arma de fogo nas dependências do Sindacta-4, e que não é possível afirmar com segurança se foi suicídio ou não.
A fonte informou que por se tratar de uma das atividades consideradas estressantes existem dois psicólogos que realizam todos os anos inspeções de saúde. Caso seja detectado algum tipo de problema psicológico, a mesma equipe realiza o acompanhamento psicológico.
Nas conversas que tem com os colegas, o militar diz que uma das principais queixas é sobre a carga de trabalho e sobre o sistema que, segundo ele, é denominado de “militarização” no órgão: “Isso ocorreu depois daquela pane ocorrida nos radares do Cindacta-4 em 2007. Mais existem ainda obrigações e normas que antes não eram exigidas e agora são. Começamos a trabalhar às 07h30 e encerramos às 15h. É muita carga de trabalho para atividade desgastante como esta”, afirma.
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