Quantas vezes já observamos enxurradas das janelas de nossas casas? Quantas vezes já percebemos que entulhos impedem a passagem total das águas? Certamente, inúmeras. E, fazendo a comparação: quantas vezes isso acontece conosco? Quantas vezes o entulho do nosso egoísmo, da vaidade, da ganância, nos impede de viver plenamente o hoje?
O homem se preocupa tanto com o futuro que deixa de viver o presente, esquecendo-se de que poderá não estar aqui no dia seguinte. Sua preocupação é tamanha que, ao invés de se deliciar com as maravilhas de cada dia, fica a lamentar a escuridão das noites. A vida moderna exige tanto que a maioria das pessoas nem tem tempo para si, muito menos para o outro, para uma conversa, um bate-papo com um amigo, para um ouvir atento. Pensar que alguém precisa de ajuda? Não há tempo para a solidariedade. Por isso, não é surpresa sabermos que a cada 33 segundos uma pessoa busca o serviço prestado pelo CVV.
Na realidade, eis o quadro que presenciamos quase que diariamente: “não posso agora”, “estou com pressa”, “te ligo depois”. E ficamos esperando a ligação que nem sempre é feita.
Daí a instigante pergunta: quantas vidas deixam de existir porque não encontramos alguém com tempo para ouvir? Infelizmente, a falta de tempo é o mal desta geração. O mundo está cada dia mais veloz e as pessoas quase não se olham mais, nem se percebem. Bom seria se o homem pudesse libertar-se de seus medos e pudesse viver plenamente.
Mas, felizmente, ainda há pessoas que têm consciência do essencial da vida: viver, viver plenamente. São pessoas que amam, se doam, deixam um pouco seus afazeres para dedicar-se aos que precisam de ajuda. E, acreditando nessas pessoas, resta-nos a esperança de que um dia a humanidade convença-se do maior milagre existente entre nós: o milagre da vida e passe a afastar os entulhos que estão impedindo-a de caminhar em busca da vida plena.
Oscar Luiz Maba - presidente do GAVI - Grupo de Apoio a Vida - osluma@netuno.com.br
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