sexta-feira, 30 de abril de 2010

Desespero

Recordo-me de que, há muito tempo, uma mãe aflita, ao debruçar-se-lhe sobre os ombros, indagou em lágrimas:

"Chico, o que vou fazer agora da minha vida?! ... Perdi os meus filhos, Chico, num desastre ... Morreram os dois ... A minha dor é terrível ... Estou desesperada ..."


O episódio nos comovia a todos, no "Grupo Espírita da Prece", em Uberaba.

Fitando-a com os olhos igualmente repletos de lágrimas, o incansável servo do Cristo lhe respondeu:

De nossa parte, ficamos também, em silêncio, a meditar na grandeza da lição daquela hora, a respeito da aceitação do sofrimento, perguntando a nós mesmos quantas dores maiores poderíamos evitar, se nos resignássemos antes as dores aparentemente sem remédio que nos visitam no cotidiano ...


Chico Xavier:


-"Filha, o nosso Emmanuel sempre me diz que a aceitação de nossos problemas, sejam eles quais forem, representa cinqüenta por cento da solução dos mesmos; os outros cinqüenta por cento vêm com o tempo ... Tenhamos paciência e fé, pois não estamos desamparados pela Bondade Divina."

Bastou que ouvisse estas palavras do Chico, para que aquela senhora se acalmasse em uma cadeira próxima, começando a refletir sobre os Desígnios de Deus.

Página copiada do livro "Chico Xavier, Mediunidade e Ação",
escrito por Carlos Antônio Baccelli, de Uberaba, MG

Marketing Petralha

Falta dinheiro para tudo, menos para o marketing pessoal do petralha mor. De 2003 a 2009, a Presidência da República, ministérios e estatais gastaram R$ 7,7 bilhões com propaganda. Só no ano passado os gastos foram de R$ 1,17 bilhão. Desde que bronco chegou ao governo, a ordem é regionalizar a propaganda e diversificar as maneiras de fazer o marketing governamental chegar à população. Os veículos que divulgaram publicidade federal em 2009 estão espalhados por 2.184 municípios, contra 182 em 2003. Só com a publicidade institucional da Presidência da República, destinada a difundir a marca e os feitos do governo, foram gastos R$ 124 milhões no ano passado. O volume é três vezes superior ao de 2003.


Repartindo o bolo


Para emissoras de TV foram destinados R$ 759,5 milhões, 64% do total. Jornais receberam R$ 115,4 milhões e rádios, R$ 104 milhões. A internet aparece em quarto lugar em valores absolutos, mas é o veículo que registrou o maior crescimento no volume de verbas sob Lula: os gastos do governo com publicidade na rede mundial de computadores saltaram de R$ 11,4 milhões em 2003 para R$ 36, 3 milhões em 2009.


Pensando bem

É assim mesmo a ironia do destino, a coletividade do povo brasileiro que paga escorchantes imposto que se ferram de verde e amarelo, literalmente, sem Saúde, educação, transporte de massa, segurança e etc....Agora, dinheiro para Cuba construir porto e para o marketing mentiroso tem, e muito. Vamos bater palmas para o ídolo com pés de barro !!!

Aposentadoria

Para relembrar. Enquanto o desgraçado do trabalhador, depois de anos de trabalho, se aposenta com uma "merreca mensal", o ex-governador do Maranhão, terra sem lei, apesar de ter trabalhado apenas dois anos e poucos meses, com as bênçãos da Roseana Sarney, foi aposentado com um salário de R$ 23.2 mil pelo resto da vida. E não foi só isso! Com essa tremenda maracutaia, a filha do Cel. Sarney ainda concedeu a aposentadoria retroativa. De uma só vez o amigão, em 2009 recebeu quase 200 mil. Vale lembrar que o governador cassado Jackson Lago, está recebendo uma aposentadoria cujo salário é maior do que o salário de qualquer governador. E a justiça? Já estamos carecas de saber que a justiça não é para essa gente.

E enquanto isso...

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse depois de reunião com o presidente LulLa e vários ministros, que o governo reafirma sua proposta de apenas 6,14% de reajuste para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pisaram na bola

O texto mais lúcido que li sobre o episódio envolvendo os jogadores do
Santos numa visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de
crianças com deficiência cerebral para entregar ovos de Páscoa. Uma
parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa,
se recusou a entrar na entidade e preferiu ficar dentro do ônibus do
clube, sob a alegação que são evangélicos.

" Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é
mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me
convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada
vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em
detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos
morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos
conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o
inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo,
ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo
na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo
religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação
ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se
o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita
kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as
pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A
religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os
adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem
falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí
vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela
conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixam de
existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio
através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus,

com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores
como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade,
amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a
todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio
de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz
com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo
da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e
iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no
ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua
religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus
e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria
de uma paralisia mental. "

Campo de concentração nos EUA.

Por Eliakim Araujo em Miami

Se a moda pega, o território americano vai virar um imenso campo de concentração. Por sua conta e risco, a governadora republicana do Estado do Arizona, Jan Brewer, assinou uma lei na sexta-feira, depois de aprovada pelos legisladores estaduais, que transforma em crime a imigração ilegal. Uma lei discriminatória e covarde.

A lei autoriza os policiais do Estado do Arizona a pedirem documentos e prenderem qualquer um que eles considerem suspeitos. Ou seja, a partir dessa lei a polícia tem carta branca para prender e arrebentar. E a palavra da vítima não terá nenhum valor porque é apenas um imigrante ilegal.

A lei de Dona Brewer atende ao ideário dos mais radicais políticos e da mídia conservadora dos Estados Unidos, capitaneada por um tal Glenn Beck, o Jabor da TV americana. Não é de hoje que eles pregam abertamente a adoção de medidas mais duras contra os imigrantes indocumentados e os culpam pelos males do país, quando na verdade eles representam uma extraordinária força de trabalho e se não recolhem mais impostos é exatamente porque não são legalizados.

Há nos Estados Unidos estimados 10 a 12 milhões de imigrantes indocumentados, a grande maioria formada por mexicanos. Só no Arizona, são 460 mil.

A lei criou um clima de indignação geral na comunidade hispânica, o maior grupo minoritário do país, com quase 10% da população. Essa é a primeira vez na história do país, que pretende dar lições de democracia ao mundo, que a polícia tem o direito de prender e punir alguém pelo simples fato de não possuir um visto, mesmo que ele não tenha cometido crime algum.

Até agora os Estados Unidos estavam a salvo desse comportamento arbitrário que tem sido adotado na maioria dos países europeus, como na Itália do new facista Berlusconi que colocou o exército nas ruas para caçar imigrantes, ou na Suiça, onde a extrema direita de idéias neo-nazistas age com o mesmo rigor.

A lei do Arizona terá várias consequências. A primeira delas será a resposta da Casa Branca, que já acionou seu departamento jurídico para se manifestar sobre a legitimidade de uma lei estadual se sobrepor a um assunto da competência federal , como é a política migratória.

Outra consequência, essa de natureza política, é a força do eleitorado hispânico. Eles marcharam com Obama na eleição presidencial confiando na promessa de campanha de prioridade para a reforma imigratória. Obama não teve tempo. Passou todo primeiro ano de governo tentando debelar a crise econômica e aprovar sua sonhada reforma do sistema de saúde.

Mas agora, com a posição adotada pela governadora do Arizona, a comunidade hispânica está cobrando uma ação enérgica e efetiva do governo central, sobretudo depois que a governadora Brewer justificou a lei “pela incapacidade do governo federal de garantir nossas fronteiras”.

A Lei do Arizona vai obrigar o governo e os congressistas a arregaçarem as mangas para enfrentar a delicada questão migratória que não pode mais ser adiada. O ano é eleitoral. Toda a Câmara Federal será renovada (434 deputados) e parte do Senado (36 cadeiras). O risco para a classe política é enorme. Os hispânicos são 42.7 milhões de pessoas nos EUA, de acordo com o escritório do Censo. E serão 54 milhões em 2012, segundo projeções. É um extraordinário cacife político que pode decidir uma eleição.

A semana que está começando vai trazer novos elementos ao debate. Ou o governo Obama entra de sola no assunto, como fez com a reforma da saúde, ou a Lei do Arizona pode se espalhar e transformar os EUA em um imenso campo de concentração.

A direita americana está aí pro que der e vier, cada vez mais agressiva e atrevida.

Entulhos

Quantas vezes já observamos enxurradas das janelas de nossas casas? Quantas vezes já percebemos que entulhos impedem a passagem total das águas? Certamente, inúmeras. E, fazendo a comparação: quantas vezes isso acontece conosco? Quantas vezes o entulho do nosso egoísmo, da vaidade, da ganância, nos impede de viver plenamente o hoje?

O homem se preocupa tanto com o futuro que deixa de viver o presente, esquecendo-se de que poderá não estar aqui no dia seguinte. Sua preocupação é tamanha que, ao invés de se deliciar com as maravilhas de cada dia, fica a lamentar a escuridão das noites. A vida moderna exige tanto que a maioria das pessoas nem tem tempo para si, muito menos para o outro, para uma conversa, um bate-papo com um amigo, para um ouvir atento. Pensar que alguém precisa de ajuda? Não há tempo para a solidariedade. Por isso, não é surpresa sabermos que a cada 33 segundos uma pessoa busca o serviço prestado pelo CVV.

Na realidade, eis o quadro que presenciamos quase que diariamente: “não posso agora”, “estou com pressa”, “te ligo depois”. E ficamos esperando a ligação que nem sempre é feita.

Daí a instigante pergunta: quantas vidas deixam de existir porque não encontramos alguém com tempo para ouvir? Infelizmente, a falta de tempo é o mal desta geração. O mundo está cada dia mais veloz e as pessoas quase não se olham mais, nem se percebem. Bom seria se o homem pudesse libertar-se de seus medos e pudesse viver plenamente.

Mas, felizmente, ainda há pessoas que têm consciência do essencial da vida: viver, viver plenamente. São pessoas que amam, se doam, deixam um pouco seus afazeres para dedicar-se aos que precisam de ajuda. E, acreditando nessas pessoas, resta-nos a esperança de que um dia a humanidade convença-se do maior milagre existente entre nós: o milagre da vida e passe a afastar os entulhos que estão impedindo-a de caminhar em busca da vida plena.

Oscar Luiz Maba - presidente do GAVI - Grupo de Apoio a Vida - osluma@netuno.com.br

sábado, 24 de abril de 2010

Excomunhão de Martinho Lutero

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Martinho Lutero traduzindo a Bíblia para o alemão

No dia 3 de janeiro de 1521, o papa Leão 10 excomunga o teólogo e reformador alemão Martinho Lutero. É o clímax do conflito entre duas visões da religião cristã, que acabará resultando numa das mais importantes cisões do Cristianismo.
Em 1514, o padre Martinho Lutero assume, aos 31 anos, a Igreja Municipal de Wittenberg. Durante seu trabalho, ele constata que muitos dos cidadãos preferem comprar cartas de indulgência a confessar-se com ele. Essas indulgências são vendidas nas feiras livres, e negociando com o pecado a Igreja arrecada o capital de que precisa urgentemente. Conta-se que o monge dominicano Johann Tetzel anunciava: "Quando o dinheiro cair na caixinha, o Céu estará recebendo a sua alminha".
O jovem Lutero fica enojado com esse comércio. Ele crê na confissão, e que todos devem poder confiar na graça divina. Em outubro de 1517, envia 95 teses a seus superiores eclesiásticos. Conta a lenda que Lutero pregou as teses com estrondosos golpes de martelo na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O documento é logo impresso e distribuído entre a gente de Leipzig, Nurembergue e Basiléia.
O rompimento com Roma
Em 1518, Roma abre um processo por heresia contra Lutero. Dois anos mais tarde, o papa Leão 10 ameaça puni-lo, caso não revogue suas teses; em dezembro de 1520, o rebelde queima a bula papal em protesto, além de um livro de leis católicas e várias obras de seus opositores. Agora Martinho Lutero rompera definitiva e irreversivelmente com Roma. Quando Leão 10 fica sabendo do escandaloso espetáculo de incineração, não hesita: em 3 de janeiro de 1521 lança sobre o reformador a maldição da excomunhão. O pregador das indulgências, Tetzel, pede a fogueira para Lutero.
Entretanto, alguns príncipes colocam-se do lado do líder protestante. Eles crêem que através dele será possível limitar o poder de Roma. E convencem o imperador a convidá-lo para ir à corte em Worms. Em abril de 1521, Lutero põe-se a caminho e, ao contrário do que desejaria a Igreja Católica, é recebido com entusiasmo durante todo o trajeto. Ele prega em Erfurt, Gotha e Eisenach, antes de ser celebrado pelos habitantes de Worms.
Na corte, o imperador insiste em que o teólogo retire as suas críticas, porém este responde: "Através das passagens das Escrituras estou preso às palavras de Deus. Portanto, não voltarei atrás, pois agir contra a consciência não é seguro nem saudável. Que Deus me ajude. Amém".
A guarida em Wartburg
Após deixar Worms, Martinho Lutero está protegido por um salvo-conduto que o resguarda de ser imediatamente preso. Porém o imperador declara-o fora da lei e, portanto, exposto ao cárcere e à destruição de seus escritos. Durante a viagem de volta, contudo, a firmeza de caráter do reformador é recompensada: o príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio, manda seqüestrá-lo, conferindo-lhe guarida no isolado Wartburg.
Lá o ex-padre católico começa a traduzir a Bíblia para o alemão. A obra de Lutero não pode mais ser detida. Embora nenhum dos príncipes em Worms saiba disso, começa a Reforma, a Idade Média chega ao fim, desponta a Idade Moderna. E, do protesto do reformador, nasce a Igreja Protestante.

Gábor Halász (av)

O reinado da rainha bola

Na grama, na areia, piso ou banhado és paixão que mantém o seu reinado. De pano, couro ou outro material, vale ouro quando jogada, pois é uma figura por todos desejada. Rainha de milhões, ardentemente amada e cobiçada. Disputada na raça e no suor. Não tens time ou preferência, mas mesmo o maior craque reconhece que é a única presença essencial;

Você é brasileira, oriental, africana, mundial. Rolada na terra ou atirada no ar. Rodopias diante de nossos olhos fazendo-os brilhar, nos motivando a rir ou chorar. Diverte quem te experimenta, linda esfera de magia, seja no chão batido ou no gramado. A cada nova partida, mesmo sendo chutada, espalmada ou atirada, ainda és respeitosamente venerada, pois sem ti não existe jogada;

Por todo planeta és tocada, na categoria ou no tranco, com os pés, mãos ou de qualquer outro jeito. Por muitos és batida e rebatida, com a arte que encanta quem te conhece, mas mesmo dominada, nunca serás subjugada. Pode ser bolita, bola ou bolão, tantos são os nomes que dão a este globo encantado, gravado nos corações de muitas gerações;

De bico, fita, ou no escanteio. Matada no peito, na tabela do meio. Da cabeçada para rede, dos pés para o espaço, o impossível floresce quando no campo és lançada, tirando suspiros de multidões e o fôlego dos campeões, vivendo como lembrança na forma das lágrimas dos que perderam ou no sorriso dos vencedores que te mereceram. Você é um símbolo transfigurado em alegria, cansaço e dores, mas principalmente, amores;

Com tua geometria especial será sempre presença marcante. Seja na dura realidade dos homens ou nos doces sonhos de criança. Deusa universal. Serva sofrida. Amante cortejada. Mesmo por nós surrada, saiba que nossa idolatria por ti é eterna, pois com tua forma de esfera, tornas a vida mais bela. Por todos disputada, és adorada ó gloriosa bola, dona de todas as jogadas.

Antonio Brás Constante se define como um eterno aprendiz de escritor, amigo e amante da musa inspiração – abrasc@terra.com.br

Circo Brasil, aqui o palhaço é você!

Brasil, País de TOLOS...

Futebol, carnaval, novela e Big Brother são nosso alimento espiritual.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ONU promove sexualização precoce

Usando conceitos como "educação sexual abrangente", a ONU quer desestruturar a família. Leia o discurso de Sharon Slater, presidente da Family Watch International, proferido no encontro da Comissão de População de Desenvolvimento da ONU, no dia 15 de abril.

Sr. Presidente, Ilustres Delegados, gostaria de chamar a vossa atenção para alguns assuntos sérios relacionados com as deliberações que ocorrem na Comissão sobre População e Desenvolvimento. Para colocar isto em um contexto, preciso falar sobre o que aconteceu em deliberações da CPD no ano passado. No ano passado, no final das deliberações, uma frase foi proposta para o projeto de resolução do CPD convidando os governos a fornecerem "educação abrangente sobre sexualidade humana".

Nós estávamos muito preocupados porque este era um novo termo indefinido e um afastamento da linguagem tradicional da "educação sexual" utilizada nos últimos documentos de consenso da ONU.
Nossas preocupações foram confirmadas, quando apenas alguns meses depois, a UNESCO, em colaboração com a UNICEF, o FNUAP, OMS e ONUSIDA, lançou uma cópia de esboço de seu novo Diretrizes Internacionais sobre Educação Sexual Abrangente.

Estas diretrizes extremamente controversas foram criadas para levar a educação sexual para todo o mundo e promover um tema de prazer sexual que temos encontrado em um número de guias de educação sexual publicados pela ONU. Estas Diretrizes da UNESCO originais sugerem ensinar crianças de cinco anos que eles podem tocar partes de seu corpo para obter prazer sexual e ensinar a crianças de nove anos a definição e função do orgasmo, e encorajar educadores sexuais a ensinar às crianças que "Tanto homens como mulheres podem dar e receber prazer sexual com um parceiro do... mesmo sexo".

Desde então, a UNESCO revisou suas diretrizes de sexualidade originais, moderando-as um pouco. No entanto, ao ler sua versão original, vocês podem ver que cinco agências da ONU estavam originalmente planejando promovê-las às crianças sob à guisa de "educação abrangente sobre a sexualidade humana", antes de um certo número de Estados Membros da ONU reclamar.

Em 2002, na Cúpula Mundial para as Crianças, nós expusemos um manual publicado pela ONU para crianças, distribuído no México, que tinha uma página sobre como obter prazer sexual, incluindo com uma pessoa do mesmo sexo, com um animal, com um objeto inanimado ou com uma pessoa sem o seu consentimento.

E se vocês não estão preocupados ainda, deixe-me dizer a vocês o que aconteceu na 54º sessão da Comissão sobre o Status da Mulher deste ano. Em um evento paralelo colocado pela Girl Scouts em parceria com a UNICEF, eu peguei este livreto, publicado pela International Planned Parenthood Federation, que é dirigido para jovens e que afirmam ensinar-lhes sobre os seus "direitos sexuais e reprodutivos". O livreto afirma que estes "direitos" são reconhecidos pelo mundo como "direitos humanos". Afirma que o livreto está "aqui para apoiar o seu prazer sexual". Ele diz que jovens podem fazer sexo em várias maneiras demasiadas gráficas para repetir em um fórum como este. É todo sobre prazer sexual através da masturbação, com pessoas do mesmo sexo e até mesmo embriagados com álcool.

Mas pior que isso, este livreto diz realmente a jovens infectados pelo HIV que leis que os obrigam a revelar o seu status com seus parceiros sexuais violam seus direitos humanos.

Isso não deve ser tolerado na ONU ou em qualquer outro lugar! Agora não. Nem nunca mais.

Em dezembro do ano passado, minha família adotou três irmãos órfãos com SIDA em Moçambique. Ambos seus pais tinham morrido de SIDA. Eu cuidei de seu irmão mais velho, enquanto ele sofria de uma forma horrível durante os últimos estágios da AIDS. Mesmo assim, materiais estão sendo distribuídos na ONU, incentivando os mesmos comportamentos que colocam o HIV pandêmico.

É ultrajante que este livreto "Saudável, Feliz e Hot" também foi distribuído para os jovens que participaram do evento paralelo à Organização das Nações Unidas, patrocinado por aqueles que a criaram.

É revoltante que as agências da ONU estão a promover programas de educação sexual que encorajam jovens a engajar prematuramente na atividade sexual para obter prazer sexual, mas é inconcebível que jovens infectados pelo HIV estão sendo incentivados a ter relações sexuais com qualquer um que eles quiserem, do jeito que quiserem, sem revelar o seu status.

O que estamos fazendo aqui?

Por que é que o projeto de documento a ser negociado agora tem inúmeras referências à sexualidade e direitos sexuais?

Por que é que os países em desenvolvimento estão sendo pressionados agora pelas nações desenvolvidas no mesmo documento a ser negociado nesta conferência para aceitar este tipo de "educação abrangente da sexualidade humana", que irá sexualizar prematuramente suas crianças e colocá-las em risco de morte, entre outras coisas, tudo sob o disfarce de educação sobre o HIV/AIDS e do empoderamento de mulheres e meninas?


Por que é que o mundo desenvolvido está tentando importar suas ideologias sexuais radicais sob a bandeira enganosa de "direitos sexuais" ou "saúde e direitos sexuais" ou "informações relativas à saúde sexual e direitos" ou "serviços e informações sobre saúde e direitos reprodutivos" ou qualquer uma das muitas e múltiplas referências carregadas no documento em um esforço deliberado para pressionar os países a aceitarem estas referências, às vezes até tarde da noite, sem interpretação em sua própria línguagem?

Por que é que a comunidade internacional não está respeitando os direitos soberanos e valores culturais e religiosos preconizados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e inúmeros outros documentos consensuais das Nações Unidas, para manter seus valores que sustentam a instituição da família?

Como é que a ONU se extraviou de sua finalidade original, e agora as deliberações em conferências como esta são obcecadas com discussões sobre sexualidade e direitos sexuais, questões que deveriam ser deixadas para as nações decidirem por si?

Por que é que a questão do aborto, também disfarçada sob vários termos eufemísticos, está sendo forçada nas nações em desenvolvimento contra a sua vontade? Como é que o termo "saúde reprodutiva" ou "serviços de saúde reprodutiva" ou "direitos reprodutivos" está sendo usado agora pelos governos com grandes bolsos para promover a legalização do aborto nos países que se opõem ao aborto, porque eles acreditam que este está tomando as vida de um ser humano?


Palavras relacionadas à reprodução e à saúde reprodutiva significam reprodução, ou seja, ter filhos, mas o termo tem sido deliberadamente manipulado por relatórios obscuros apresentados à ONU, materiais criados por agências da ONU e ONGs de mentalidade abortista (muitas que têm a lucrar com o aborto) e os governos de mente abortista que procuram reinterpretar ou desvirtuar qualquer linguagem relacionada à saúde reprodutiva para agora incluir o aborto, embora muitos dos Estados Membros da ONU negociando os documentos que contêm tais termos rejeitaram a inclusão do aborto como parte da saúde reprodutiva, quando estes documentos foram negociados.

Esta manipulação de agências da ONU, negociações da ONU e documentos finais, comitês da ONU interpretando os tratados das Nações Unidas, e linguagem comum nos documentos anteriores das Nações Unidas para promover direitos sexuais radicais e aborto contra a vontade ou, por vezes, sem o conhecimento ou compreensão completa ou consentimento dos estados membros da ONU, não devem ser tolerados e têm que parar.

Essa manipulação do sistema das Nações Unidas por indivíduos e organizações promovendo sua própria agenda sexual e não a agenda coletiva e unificada de todos os estados membros da ONU deve cessar. Toda essa investida por direitos sexuais mina a instituição da família, que a Declaração Universal dos Direitos Humanos claramente declara ser "o núcleo natural e fundamental da sociedade" que é "intitulada à proteção pela sociedade e pelo Estado".

Apelamos aos Estados-Membros das Nações Unidas, agências da ONU, ONGs e todas as entidades dentro do sistema das Nações Unidas a respeitar os direitos, valores culturais e religiosos de todos os Estados Membros da ONU em seu trabalho nas Nações Unidas e cessar a promoção do aborto e dos direitos sexuais através das Nações Unidas.

Obrigada.

Tradução: Júlio Lins

Veja o meu site: "www.jucabelizario.xpg.com.br"


Raposa Serra do Sol - “É o ano mais triste da minha vida”, diz fazendeiro de 87 anos


No Estadão:

A comemoração do primeiro aniversário da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, no Dia do Índio, é para Joaquim Correa de Melo, 87 anos, uma “afronta” e um “marco doloroso” no que ele chama de “o ano mais triste da minha vida”. Ele faz parte do grupo de pessoas que moravam em terras da reserva e no dia 22 de março de 2009 foram obrigadas, por decisão do STF, a “deixar para trás uma vida inteira”.

O pecuarista Melo enxuga as lágrimas, diz que passa as noites “acordado e remoendo” e se diz “inconformado” porque sua família estava na fazenda Caracaramã, na beira do Rio Maú, município de Normandia, desde 1816. “Nasci ali e pensei que ia passar ali o resto dos meus dias.” Não esquece que, “na primeira campanha que disputou”, em 1989, o então candidato Lula esteve na casa dele. “Foi muito bem recebido e achou tudo muito bom. Agora fala em nação indígena, vem fazer festa, mas não vê que muitos de nós estão vivendo de favor na casa dos filhos”, desabafou.

Melo não se conforma que o governo tenha preferido expulsar “pessoas de meia idade e idosos”, a negociar a convivência da população com os índios da região. “Já tive muita saúde, mas, a esta altura da vida, não temos mais como trabalhar feito desbravadores em uma área completamente inexplorada”, disse. “Numa emergência a quem vamos recorrer?” Ele se refere às terras na região da vila Vilhena, no município de Bonfim. “Não dá nem para chegar lá, muito menos para morar”, afirmou.

“Saí de lá (Normandia) e entreguei a chave da minha casa com tudo dentro para os índios”, lembrou ao reclamar da nova área destinada a cerca de 40 produtores “expulsos das terras” e indenizados, no caso dele, com R$ 360 mil. “A indenização não dá sequer para custear as despesas de assentamento na nova região”, diz. O gado e os cavalos que ele tirou da antiga fazenda estão em terras alugadas.

“A vida em Roraima está muito difícil. As pessoas têm medo de vir pra cá, têm medo de aparecerem mais índios e o governo tomar o que restou.” Melo já decidiu que vai votar “em branco” nas próximas eleições.


Por Reinaldo Azevedo

E quem controla esta áreas indígenas, são os ONG's internacionais...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A arma do juízo final

Uri Avnery, Gush Shalom (Bloco da Paz), Israel




Já é lugar comum que quem não aprenda da história está condenado a repetir erros.

Há 1942 anos, os judeus na província chamada Palaestina revoltaram-se contra o Império Romano. Considerado em retrospectiva, parece loucura. A Palestina era parte pequena e insignificante do império planetário que acabava de impor derrota acachapante ao poder rival – o Império dos Partos (a Pérsia) – e vencera também grande rebelião na Britânia. Que chances teria a revolta dos judeus?

Sabe Deus o que passaria pela cabeça dos Zelotes. Mataram os líderes moderados, que alertavam contra provocar o império, e haviam ganhado prestígio entre a população judaica local. Confiavam em Deus. Talvez confiassem também nos judeus de Roma e acreditassem que a influência deles sobre o Senado conseguiria segurar o imperador, Nero. Talvez tivessem ouvido dizer que Nero estava enfraquecido, a beira de ser derrubado.

Sabe-se como acabou: depois de três anos de luta, os rebeldes foram esmagados, Jerusalém caiu e o templo foi reduzido a cinzas. Os últimos Zelotes suicidaram-se, em Massada.

Os sionistas bem que tentaram aprender com a história. Agiram de modo racional, não provocaram as grandes potências, trabalharam para obter o que fosse possível em cada caso. Fizeram concessões e cada concessão serviu-lhe de base para andar adiante. Inteligentemente usaram o radicalismo de seus adversários e conquistaram a simpatia do mundo.

Mas desde o início da ocupação, a mente dos sionistas parece mergulhada em trevas. O culto de Massada tornou-se dominante. Promessas divinas voltam a desempenhar função importante no discurso público em Israel. Partes significativas do público seguem hoje os novos zelotes.

E a fase seguinte também já começa a repetir-se: os líderes de Israel estão começando a rebelar-se contra a nova Roma.

O que começou como insulto ao vice-presidente dos EUA já se converte agora em algo muito maior. O camundongo pariu um elefante.

Nos últimos tempos, o governo de ultra direita em Jerusalém começou a tratar o presidente Obama com mal disfarçado desprezo. Os medos que ainda havia em Jerusalém no começo de seu governo dissiparam-se. Para eles, Obama é uma pantera negra de papel. Até desistiu de exigir verdadeiro congelamento das construções nas colônias. Cada vez que lhe cuspiram na cara, Obama comentou que começava a chover.

Agora, ostensivamente de repente, a paciência esgotou-se. Obama, seu vice-presidente e seus principais assessores condenam, cada dia com mais severidade, o governo de Netanyahu. A secretária de Estado Hillary Clinton impôs um ultimato: Netanyahu tem de por fim a toda e qualquer construção nas colônias, também em Jerusalém Leste; tem de começar a negociar os problemas centrais do conflito, inclusive Jerusalém Leste, e mais.

Surpresa total em Israel. Foi como se Obama cruzasse o Rubicão, quase como o exército egípcio cruzou o canal de Suez em 1973. Netanyahu deu ordem para mobilizar todas as reservas de Israel nos EUA e avançar todos os blindados diplomáticos. Todas as organizações de judeus nos EUA receberam ordens de unir-se à campanha. O AIPAC fez soar as cornetas de chifre de carneiro e ordenou que seus soldados, no Senado e na Câmara, atacassem a Casa Branca.

Parecia que ia começar a batalha decisiva. Os líderes israelenses tinham certeza de que derrotariam Obama. Mas então, de repente, ouviu-se um som estranho: o som da arma do juízo final. O homem que decidiu ativá-la é inimigo de novo tipo, que ainda não se vira em Israel.

David Petraeus é o oficial mais popular do exército dos EUA. General de quatro estrelas, filho de um capitão do mar holandês que emigrou para os EUA quando seu país foi ocupado pelos nazistas e lá viveu toda a vida, desde a infância. Foi “distinguished cadet” na academia militar de West Point e primeiro colocado na Escola de Alto Comando do Exército. Como comandante em combate, só colheu elogios. Escreveu sua tese de doutoramento (sobre as lições do Vietnã) em Princeton e trabalhou como professor-assistente na cátedra de Relações Internacionais na Academia Militas dos EUA.

No Iraque, comandou as forças em Mosul, a cidade mais problemática de todo o país. Concluiu que, para derrotar aqueles inimigos, os EUA tinham de conquistar corações e mentes da população civil, ganhar aliados locais e gastar mais dinheiro que munição. A população local conhecia-o como “Rei David”. Seu sucesso foi considerado tão significativo, que seus métodos incorporaram-se à doutrina oficial do exército dos EUA.

Sua estrela ascendeu rapidamente. Foi nomeado comandante das forças da coalizão no Iraque e logo se tornou chefe do Comando Central do exército dos EUA, que cobre todo o Oriente Médio exceto Israel e Palestina (os quais ‘pertencem’ ao comando norte-americano na Europa).

Quando Petraeus fala, o povo dos EUA ouve. Como pensador de questões militares, não tem rivais.

Essa semana, Petraeus enviou mensagem claríssima: depois de examinar os problemas de sua Área de Responsabilidade [ing. Area Of Responsibility, AOR] – que inclui, além de outros setores, o Afeganistão, o Paquistão, o Irã, o Iraque e o Iêmen – chegou ao que chamou de “causas de raiz da instabilidade” na Região. O primeiro item dessa lista é o conflito Israel-Palestina.

No relatório que Petraeus encaminhou ao Comitê das Forças Armadas, lê-se:

“As intermináveis hostilidades entre Israel e alguns de seus vizinhos implicam desafios específicos à nossa habilidade para obter avanço no rumo de nossos interesses na AOR. (...) O conflito fomenta o sentimento anti-norte-americano, porque se percebe que os EUA favorecem Israel. A fúria dos árabes motivada pela questão palestina limita a força e a profundidade das parcerias que os EUA construam com governos e povos na AOR e enfraquece a legitimidade de regimes moderados no mundo árabe. Simultaneamente, al-Qaeda e outros grupos militantes exploram essa fúria e assim mobilizam apoios. O conflito [Israel-Palestina] também faz crescer a influência do Irã no mundo árabe, mediante seus clientes, o Hizbollab libanês e o Hamás.”




Como se não bastasse, Petraeus enviou seus oficiais para que apresentasse essas conclusões ao Conselho dos Comandantes do Estado-maior.

Em outras palavras: a paz entre palestinos e israelenses não é questão específica de dois grupos, mas assunto que envolve o superior interesse nacional dos EUA. Isso significa que os EUA tem de alterar o apoio cego que tem dado ao governo israelense e deve impor a Solução de Dois Estados.

O argumento, como tal, não é novo. Muitos especialistas já disseram aproximadamente a mesma coisa. (Imediatamente depois dos ataques de 11/9, escrevi também nessa direção e previ que os EUA teriam de mudar suas políticas. Daquela vez, nada aconteceu.) Mas agora, a mesma ideia aparece em documento oficial redigido pelo comandante norte-americano responsável.

O governo Netanyahu imediatamente entrou em modo de limitar os danos. Os porta-vozes disseram que Petraeus tenta impor sua visão estreita; que nada entende de questões políticas; que o argumento é falho. Nem por isso conseguiram impedir que, em Jerusalém, muitos começassem a suar frio.

Todos sabemos que o lobby pró-Israel domina sem limites o sistema político nos EUA. Isso, ou quase isso. Todos os políticos e altos funcionários norte-americanos morrem de medo dele. O menor desvio do roteiro prescrito pelo AIPAC, implica suicídio político.

Mas há um ponto fraco na armadura desse Golias político. Como Aquiles no calcanhar, esse descomunal lobby pró-Israel tem um ponto vulnerável o qual, se atingido, pode neutralizar todo o seu poder.

Boa ilustração desse fenômeno é o caso Jonathan Pollard (relacionados a eventos ocorridos em 1983-1984). Esse judeu-norte-americano era empregado de uma importante agência de serviços de inteligência e espionava para Israel. Para os israelenses, era herói nacional, um judeu que cumpria seus deveres de judeu. Mas para a comunidade de inteligência dos EUA, não passava de um traidor que pôs em risco a vida de vários agentes norte-americanos. Não satisfeitos com as penalidades de rotina, os EUA induziram a corte de justiça a condená-lo à morte[1]. Desde então, todos os presidentes dos EUA tem recusado os repetidos pedidos do governo de Israel para que a sentença seja comutada. Até agora, nenhum presidente norte-americano atreveu-se a confrontar os altos setores da inteligência dos EUA, para os quais Pollard é criminoso e merece a sentença de morte.

O aspecto mais significativo desse caso faz lembrar o famoso comentário de Sherlock Holmes, sobre cachorros que não latiram certa noite. No caso Pollard, o AIPAC não latiu. Silêncio. Toda a comunidade dos judeus norte-americanos manteve-se (e assim continua até hoje, 25 anos depois!) calada. O AIPAC jamais defendeu Pollard.

Por quê? Porque a maioria dos judeus norte-americanos estão sempre dispostos a fazer absolutamente tudo – tudo! – pelo governo de Israel. Com uma única exceção: jamais farão coisa alguma que dê a impressão de ferir a segurança dos EUA. Basta que suba a bandeira da segurança, e todos os judeus, como todos os norte-americanos, perfilam-se e batem continência. A espada de Dâmocles da suspeita de deslealdade pende sobre as cabeças dos judeus norte-americanos. Não há pior pesadelo para eles do que serem acusados de pôr a segurança de Israel acima da segurança dos EUA. Exatamente por isso, é vitalmente importante para os judeus norte-americanos repetirem eternamente, sem descanso, o mantra que reza que os interesses de Israel são idênticos aos interesses dos EUA.

E então, agora, aparece o mais importante general do exército dos EUA e diz que não está sendo bem assim. Que, hoje, a política do atual governo de Israel está, sim, fazendo aumentar o risco de vida que os soldados norte-americanos enfrentam no Iraque e no Afeganistão.

Por enquanto, o assunto tem aparecido só marginalmente, em comentários de especialistas e não está, ainda, na grande mídia. Mas a espada já saiu da bainha – e os judeus norte-americanos já tremem, hoje, só de ouvir o rugido ainda distante desse terremoto.

Essa semana, um cunhado de Netanyahu usou a versão israelense de nossa arma do juízo final. Declarou que Obama seria “antissemita”. O jornal oficial do partido Shas garante que Obama, de fato, é muçulmano. Representam a direita radical e seus aliados; já escreveram que “Hussein Obama, negro que odeia judeus, tem de ser derrotado nas próximas eleições parlamentares e, depois, na próxima eleição presidencial.”

(Importante pesquisa feita em Israel e publicada ontem mostra que os israelenses não acreditam nessas insinuações: a vasta maioria entende que Obama dá tratamento justo a Israel. De fato, os números de aprovação de Obama são mais altos que os de Netanyahu.)

Mas se Obama decidir reagir e ativar sua arma do juízo final – a acusação de que Israel põe em risco a vida dos soldados dos EUA – as consequências serão catastróficas para Israel.

Por hora, parece ter sido tiro que os destróiers dão para ‘acordar’ a marujada e sinalizar para que outro navio faça o que foi instruído a fazer. O aviso é bem claro. Ainda que a crise atual amaine, não há dúvida de que voltará a incendiar-se outras e outras vezes, enquanto perdurar no poder, em Israel, a atual coalizão de governo.

Quando o filme Hurt Locker foi premiado no concurso Oscar-2010, todo o público norte-americano estava unido na preocupação com a vida dos seus soldados no Oriente Médio. Se esse público convencer-se de que Israel o está apunhalando pelas costas, será desastre completo para Netanyahu. E não só para ele.
________________________________
[1] Para conhecer esse lado da história, ver “Why Pollard Should Never Be Released (The Traitor)”, The New Yorker Magazine, 18/1/1999, pp. 26-33, em http://www.freerepublic.com/focus/fr/576453/posts. A defesa de Pollard está claramente exposta em http://www.jonathanpollard.org/. Fonte: http://zope.gush-shalom.org/home/en/channels/avnery/1269137362

Em plena Era Nova


E
urípedes Barsanulfo


Há criaturas que deixaram, na Terra, como único rastro da vida robusta que usufruíram na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo de cemitério. Nenhuma lembrança útil. Nenhuma reminiscência em bases de fraternidade. Nenhum ato que lhes recorde atitudes como padrões de fé. Nenhum exemplo edificante nos currículos da existência. Nenhuma idéia que vencesse a barreira da mediocridade. Nenhum gesto de amor que lhes granjeasse sobre o nome o orvalho da gratidão. A terra conservou-lhes, à força, apenas o cadáver - retalho de matéria gasta que lhes vestira o espírito e que passa a ajudar, sem querer, no adubo às ervas bravas. Usaram os empréstimos do Pai Magnânimo exclusivamente para si mesmos, olvidando estendê-los aos companheiros de evolução e ignorando que a verdadeira alegria não vive isolada numa só alma, pois que somente viceja com reciprocidade de vibrações entre vários grupos de seres amigos. Espíritas, muitos de nós já vivemos assim! Entretanto, agora, os tempos são outros e as responsabilidades surgem maiores. O Espiritismo, a rasgar-nos nas mentes acanhadas e entorpecidas largos horizontes de ideal superior, nos impele para a frente, rumo aos Cimos da Perfectibilidade. A Humanidade ativa e necessitada, a construir seu porvir de triunfos, nos conclama ao trabalho. O espírito é um monumento vivo de Deus - o Criador Amorável. Honremos a nossa origem divina, criando o bem como chuva de bênçãos ao longo de nossas próprias pegadas. Irmãos, sede os vencedores da rotina escravizante. Em cada dia renasce a luz de uma nova vida e com a morte somente morrem as ilusões. O espírito deve ser conhecido por suas obras. É necessário viver e servir. É necessário viver, meus irmãos, e ser mais do que pó!

Eurípedes Barsanulfo

Do livro "O Espírito da Verdade"

Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira


sábado, 17 de abril de 2010

"Plano Colômbia" do Cone Sul

Para a maioria dos especialistas, as operações repressivas desencadeadas contra os “bandos narco” em São Paulo representam o primeiro módulo experimental de "guerra contraterrorista" urbana no Cone Sul.

Na realidade - assinalam - e utilizando como pretexto a "guerra contra o narcotráfico", o exército brasileiro executa um exercício de controle de conflitos sociais que está contemplado no plano de "guerra contraterrorista global" no Cone Sul.

Além disso, tendo a "guerra contraterrorista" como marco, põe-se em prática um plano geopolítico estratégico com o qual Washington pretende confirmar seu domínio geo-político-militar sobre as estruturas econômicas e sobre os recursos naturais e de biodiversidade da região.

Água, gás, petróleo, biodiversidade e uma plataforma continental (a Amazônia), vitais à sua sobrevivência futura, se apresentam como os principais detonadores do plano de controle geopolítico-militar das "cinco fronteiras", desenvolvido por Washington sob o disfarce da "guerra contra o terrorismo".

A localização militar na tripla fronteira, que usa como argumento o "perigo terrorista", permite que o Comando Sul fique perto das cinco fronteiras (Colômbia, Equador, Peru, Brasil e Venezuela), onde se encontra uma gigantesca reserva de petróleo compartilhada.



No plano operacional da "guerra contraterrorista", o encarregado de realizar diagnósticos e propor políticas para a região é o Comando Sul, e não a Casa Branca ou do Departamento de Estado.

Os últimos documentos do Comando Sul dos EUA determinam que as "ameaças" atuais da região são o “terrorismo transnacional”, o “narcoterrorismo”, o tráfico ilícito, a falsificação e lavagem de dinheiro, o sequestro, as quadrilhas urbanas, os movimentos radicais, os desastres naturais e a migração massiva.

O principal objetivo, segundo esses documentos, é fazer com que "os aliados regionais (e seus exércitos) tenham capacidade e vontade" de participar de uma série de "operações combinadas", como ações antiterroristas, de intercepção marítima, operações de paz e ajuda humanitária.

Neste marco se enquadra a atual participação do exército brasileiro na "guerra contra o narcotráfico e o crime organizado", cujas operações estão sendo realizadas sistematicamente desde 2005 até hoje.





Operacionalmente as ações que serão desenvolvidas na "guerra contraterrorista" buscam alinhar - mediante acordos de cooperação militar, tratados, treinamento e operações conjuntas - aos serviços de inteligência, policiais e exércitos regionais num plano estratégico de "combate ao narcoterrorismo e ao crime organizado", cujo eixo organizador e operacional centraliza-se no Comando Sul dos EUA (Plano contraterrorista).

No plano político e social, busca-se o alinhamento dos governos regionais em torno de um mesmo plano repressivo contra os conflitos sociais, cuja consigna aglutinadora é a de preservar a sociedade do “caos e da violência terrorista" das organizações sociais, dos sindicatos e dos partidos de esquerda que propõem e realizam greves, ocupações de fábricas ou de empresas, ou bloqueios de estradas (Plano de contenção de conflitos sociais).

No marco das alianças regionais contra o "terrorismo" o Comando Sul privilegia suas alianças regionais com os exércitos do Chile, em primeiro lugar, e do Brasil em segundo.

Discutindo o cenário da "guerra contra o terrorismo", o Exército do Brasil enviou 20.000 homens para suas fronteiras com a Venezuela (considerada pelo Comando Sul como o principal sustentador da "narcoguerrilha"), um número que dobrará nos próximos dois anos.

Além disso, o Comando Sul dos EUA tem instalado tanto no Chile como no Brasil um sistema de videoconferência que conecta em tempo real os estados maiores das três forças armadas. Este sistema tem também incorporado um programa de comunicação em tempo real criptografado para intercâmbio de informação sobre os movimentos de terroristas, do narcotráfico e do “crime organizado”.


Segundo seus documentos, o Comando Sul considera o exército brasileiro como um complemento estratégico do exército chileno no balanço regional de "combate ao terrorismo, às drogas e ao crime organizado".

Segundo os especialistas, neste sentido é preciso interpretar a operação e os objetivos subjacentes à "guerra contra o narcotráfico e o crime organizado", lançada em São Paulo por sete dias consecutivos.

A operação – afirmam – tem como objetivo central a implicação do exército brasileiro (como um primeiro módulo experimental do Cone Sul) no marco da "guerra contraterrorista" interna, com a consequente aplicação futura nos conflitos sociais projetados para a região.

Na realidade, e utilizando como desculpa a "guerra contra os bandos do narcotráfico e do crime organizado", o exército brasileiro e a polícia brasileira estão executando em São Paulo um plano de controle de conflitos sociais que está contemplado no plano global de "guerra contraterrorista" de baixa intensidade no Cone Sul.


(*) Manuel Freytas é jornalista, pesquisador, analista de estruturas de poder, especialista em inteligência e comunicação estratégica. É um dos autores mais difundidos e referenciados na Web na área. Veja seus trabalhos no Google e em IAR Noticia (Traduzido por Roberta Moratori)

Conclusões Lógicas

André Luis

Não se renda à tentação.
Entre aquilo que você quer e aquilo que você pode, fique com aquilo que você deve fazer.

Não se aflija diante dos obstáculos.
Existem problemas que pedem tempo a fim de serem eficientemente resolvidos, de modo a não ocasionarem problemas maiores.

Não se precipite em suas decisões.
Se você não sabe que rumo tomar é sinal que todas as suas possibilidades de seguir adiante necessitam ser revistas.

Não critique ninguém.
Todas as pessoas, qual acontece a você, trazem Deus dentro de si.

Não te entregue ao desalento.
O seu desânimo, no que pesem as justificativas que você tenha para ele, não o auxiliará em absolutamente nada.

Não guarde ressentimento no coração.
A mágoa que você nutra a respeito de alguém será sempre o melhor processo de lembrar quem você deseja esquecer.

Não pare de trabalhar.
No serviço do bem aos semelhantes você encontrará, com o sábio concurso do tempo, a solução natural para todas as questões que o perturbam.

Não reclame da cruz que carrega.
Sem ela, é provável que você não tivesse no que se apoiar para, embora a passos lentos, avançar com segurança.

Do livro “Irmãos do Caminho”. Psicografia de Carlos A. Baccelli.


Mensagem

Lembra-te de que a força divina
sabe ver nas profundezas e,
com o arado do tempo, tudo corrige, reajusta e eleva,
sem necessidade da nossa apreciação individual.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um tratado Indesejável

Por Mauro Santayana

Com todas as explicações, incluídas as do Itamaraty, em nota oficial, é inconveniente o Acordo Militar que o Brasil está pronto a assinar com os Estados Unidos. Podemos firmar acordos semelhantes com países que podem comparar-se ao nosso, mas não com aquela república. É lamentável que esse tratado seja negociado pelo atual governo.

Segundo a imprensa internacional, prevê-se a instalação de uma base norte-americana no Brasil. A última base americana em nosso chão se limitava ao acompanhamento dos primeiros satélites artificiais, em Fernando Noronha. Ela foi discretamente fechada em 1961, por iniciativa de Tancredo que, como primeiro-ministro, negou-se a prorrogar o convênio, sob o argumento de que ainda não obtivera a opinião das Forças Armadas. Geisel, em 1977, em pleno regime ditatorial, denunciou o Tratado Militar que tínhamos com Washington, e fora renovado em 1952, por iniciativa de João Neves da Fontoura, contra a opinião do ministro da Guerra de então, o general Estillac Leal – que se demitiu como protesto. É da restauração paulatina desse antigo Tratado que se trata.

Antes houve a base de Natal, no esforço comum da guerra contra a Alemanha nazista. Terminado o conflito, em 1945, Getúlio agradeceu muito a contribuição norte-americana e, mesmo com as pressões ianques a fim de manter o enclave militar, dispensou-os desse cuidado. Não havia necessidade de tanto dispêndio para a nossa hipotética proteção.

O fato é que as negociações para a instalação de uma base norte-americana no Brasil, para o combate às drogas, foram anunciadas, em Quito, pelo subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, e repercutiram no exterior, em que pesem os desmentidos do Brasil. Apesar de sua cuidadosa linguagem diplomática, a nota oficial do Itamaraty não é suficiente para afastar as dúvidas: trata, em termos vagos e genéricos da “cooperação em assuntos da defesa” e intercâmbio no treinamento militar. Nós conhecemos essa antiga canção, que nos remete ao centro de doutrinamento ideológico do Panamá. Ali muitos de nossos oficiais foram moldados para a submissão aos interesses norte-americanos, em nome da divisão do mundo entre os bons (os ianques) e os maus (quaisquer outros que contestassem a sua hegemonia). Foram alguns deles, com Castello Branco, Lincoln Gordon, Vernon Walters, a Quarta Frota e a CIA, que fizeram o golpe de 1964.

Os vizinhos sul-americanos – e os parceiros do Bric – se inquietam, e com razão. Eles têm contado com a firmeza do Brasil em defender a soberania de nossos países contra qualquer presença militar estrangeira no continente, como ocorreu no caso da Colômbia. A mesma firmeza deveremos ter se, amanhã, a Venezuela aceitar bases russas em seu território, ainda que a pretexto de se defender de ameaça na fronteira.

Acordos dessa natureza devem ser discutidos, previamente, com a sociedade e com o Congresso. Doutor Rosinha, deputado do PT do Paraná, membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, estranha que seu órgão não tenha sido informado do andamento do processo de negociações, cuja iniciativa é debitada ao Ministério da Defesa.

Conviria ao ministro Nelson Jobim poupar-se de outro escolho biográfico – ele que deles anda bem servido – e explicar sua posição no episódio. A reação, no Congresso, é de perplexidade. É quase certo que o Poder Legislativo negue ratificação ao Tratado. Quando se estabelecem acordos de cooperação de defesa militar, pressupõe-se que haja inimigos comuns, a serem eventualmente combatidos. Não sabemos de que inimigos se trata. Certamente não serão a China, a Índia, nem a Rússia, nossos aliados estratégicos no Bric, e tampouco a Bolívia ou a Venezuela, bons vizinhos. É inadmissível pensar que venha a ser o distante Irã. Provavelmente, um dos interesses seja sabotar os nossos entendimentos com os parceiros do Bric, e da Unasul, que nos fortalecem no mundo.

Esse Tratado compromete o futuro do país e tem um motivo estratégico maior por parte de Washington, ainda que bem dissimulado e a prazo mais longo: o controle da Amazônia e a reconquista do poder colonial sobre o continente.

08/04/2010

Declaração quando se completam sete anos sobre a invasão e a ocupação do Iraque

Este arquivo é na visão portuguesa...

Passaram em 20 de Março sete anos sobre o início da invasão e da ocupação do Iraque por parte dos EUA, da Grã-Bretanha e de um grupo reduzido de aliados.

Não será demais repetir que se tratou de um acto ilegal, não autorizado pela ONU, e que eram falsas todas as motivações enunciadas para o justificar.

Tratou-se de uma agressão pura e simples contra um estado soberano, cujas instituições eram reconhecidas internacionalmente, com assento na ONU.

A invasão e a ocupação subsequente provocaram um número enorme de mortos (militares e civis), não inferior a 1 milhão e 200 mil, e um número indeterminável de estropiados, de torturados, de violentados por todas as formas; provocaram a destruição quase total das infraestruturas económicas e materiais, das escolas, das universidades, do riquíssimo património cultural da terra onde a civilização humana deu os primeiros passos; provocaram ainda uma enorme convulsão social, familiar, arruinando as estruturas de convivência e relacionamento entre as diversas componentes étnicas, culturais, religiosas da multicultural sociedade iraquiana.

O país constitui hoje um protectorado dos EUA, que já anunciaram a sua retirada, mas condicionada à sobrevivência de um regime “amigo” e à permanência de bases militares estrangeiras.

Esta guerra inseriu-se numa série ininterrupta de guerras que, desde o fim da Guerra Fria, os EUA vêm promovendo, assumindo-se desde então como garantes da “segurança global”, ou seja, garantes do seu projecto imperial, convertendo a NATO, de aliança alegadamente defensiva, em braço armado desse projecto, à escala planetária.

Portugal não participou militarmente na invasão do Iraque, mas apoiou-a política e diplomaticamente, pela mão do governo Barroso, que depois enviou uma força da GNR e um representante junto da administração provisória da ocupação.

Posteriormente, no âmbito da NATO, Portugal tem vindo a envolver-se progressivamente em teatros de guerra alheios aos interesses portugueses, especialmente no Afeganistão, colaborando e participando em estratégias que contrariam os princípios constitucionais em que assentam (em que devem assentar!) as relações internacionais do Estado Português: procura de solução pacífica para os conflitos, não ingerência nos assuntos internos de outros Estados, abolição do imperialismo e do colonialismo, dissolução dos blocos político-militares, reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e à independência, direito à insurreição contra todas as formas de opressão (art. 7.º da Constituição Portuguesa).

É no quadro destes princípios, que são imperativos, e não meras declarações retóricas, que as organizações signatárias, no espírito que tem presidido à actuação do Tribunal-Iraque português, entendem exigir ao Governo português:

1. A desvinculação frontal e expressa da política de colaboração com os ocupantes seguida quanto ao Iraque, e o seu empenhamento na promoção de uma política que devolva ao povo iraquiano a sua integral soberania;

2. A desvinculação da política de participação na ocupação do Afeganistão, com a retirada imediata de todas as forças militares para aí deslocadas;

3. A defesa empenhada, no âmbito de todos os fóruns internacionais, de políticas de apaziguamento dos conflitos, e de condenação do uso da força militar, nomeadamente no caso do Irão;

4. A condenação clara e firme da ocupação por Israel dos territórios “conquistados” em 1967, e do “sequestro” desumano e ilegal a que vem submetendo a população da Faixa de Gaza;

5. O reconhecimento do direito do povo palestiniano à insurreição contra a ocupação israelense, e a contribuição para a prestação de auxílio às populações palestinianas indefesas;

6. O reconhecimento de igual direito aos povos iraquiano e afegão contra a ocupação dos seus países conduzida pelos EUA;

7. O termo da utilização da base das Lajes para trânsito de pessoal e equipamento militar destinados aos teatros de guerra abertos pelos EUA no Próximo e Médio Oriente. A recusa de autorizar o alargamento do âmbito territorial e os fins de utilização da base, como pretendem as autoridades norte-americanas;

8. A colaboração plena na investigação dos chamados “voos da CIA” que cruzaram o espaço aéreo português ou que fizeram escala em Portugal, com vista à responsabilização, inclusivamente a nível criminal, de todos os que colaboraram ou participaram nessa prática ilegal;

9. A recusa de um conceito estratégico da NATO que de qualquer forma legitime esta organização a intervir militarmente contra as determinações estabelecidas pela Carta das Nações Unidas;

10. O cumprimento do preceito constitucional que preconiza a abolição dos blocos político-militares.

O Cortiço

Por David Coimbra

Ao caminhar por entre as artérias do Monumento ao Holocausto, no coração de Berlim, a cada passo aumentava minha admiração pelos alemães. Ali estava um povo que não se esquivava de suas culpas. Ao contrário, as purgava em público e em voz alta.
Os mesmos passos me faziam pensar nos brasileiros. Nós aqui, ao que parece, não nos aflige culpa alguma. Do que o brasileiro se envergonha, afora a derrota na Copa de 50? Pois é. Mas nós temos do que nos envergonhar. Temos também o nosso nazismo. O nosso holocausto.
Chama-se escravidão.
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão, mas nem ao aboli-la lavou-se de sua desonra. Agora mesmo, no Rio de Janeiro flagelado, lateja essa dor. Pois quem são esses que morrem sufocados pela terra que se desprende dos morros cariocas? Descendentes de escravos e ex-escravos expulsos do Centro quando o Rio se transformou no que hoje é.
Você leu O Cortiço, de Aluísio Azevedo? Bom livro. Não devia ser obrigatório nas escolas, devia ser tratado como romance para iniciados. O Cortiço conta a história de um imigrante português que, como se dizia então, “amasiou-se” com uma escrava para somar suas economias às dela. Juntos, os dois e seus dinheiros, melhoraram a bodega dele e investiram em quartos de aluguel. Montaram um cortiço aos moldes de tantos que havia no Rio do século 19, o mais célebre deles chamado Cabeça de Porco, de propriedade do Conde D’Eu, ilustre marido da Princesa Isabel. O que não deixa de ser irônico – entre os 4 mil moradores do cortiço do marido, havia inúmeros ex-escravos libertados pela esposa.
Essa gente não teve mais onde morar a partir do começo do século 20, quando a prefeitura do Rio botou abaixo os cortiços. O prefeito Pereira Passos, inspirado nas reformas feitas em Paris décadas antes, rasgou avenidas, abriu largos arejados, mudou a face da cidade. Os moradores dos cortiços, muitos deles, foram para a zona norte. Outros, que precisavam morar perto do Centro, onde trabalhavam para os senhores brancos e bem alimentados, esses ficaram por perto: subiram os morros do entorno, construíram casebres com as sobras das demolições protagonizadas por Pereira Passos, formaram as favelas como as conhecemos.
Essa gente pingente das favelas não foi libertada da escravidão; foi atirada à liberdade. Para eles, nunca houve planejamento, muito menos investimento. Hoje, Lula dá certa atenção a esses desgraçados. Não é o ideal, claro que não. Porque não é uma ajuda estratégica; é uma ajuda tática. Mas, ao menos, é algo. Para quem não tinha nada, talvez seja muito. Por isso, Lula foi amassado pela vaia do Maracanã, na abertura do Pan em 2007. Vaiaram-lhe os brancos e bem alimentados, os moradores da planície, que olham para o alto, para o morro, com medo.
Hoje, os brancos e bem alimentados da planície olham de novo para o morro. Aquela gente parda, aquela gente que passa os dias de bermuda e sem camisa, que mora em barracos construídos com pedaços de qualquer coisa, aquela gente teima em chamar a atenção. Às vezes roubando, às vezes matando e às vezes, como agora, morrendo. Inconvenientes, é o que são. Vivem a nos lembrar que em nós, também, pode haver culpa.

Fonte: Zero Hora - Porto Alegre

domingo, 11 de abril de 2010

Tragedia Anunciada


Fico ouvindo e vendo as imagens da tragédia no Rio de Janeiro e não posso esconder minha indignação.
Todos os anos as manchetes de jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão são as mesmas: “TRAGEDIA ANUNCIADA”.
Trabalhadores incansáveis, pagos ou voluntários se desdobram para salvar vidas.
Famílias inteiras são levadas pela lama e pela inércia dos donos do poder que nunca investem em obras para resolver o problema dos pobres.
E os pobres de mostram solidários.
E os pobres choram suas dores na frente das câmeras de televisão que parecem gostar da tragédia e alguns repórteres fazem perguntas idiotas tentando arrancar um depoimento mais doído para aumentar pontos no ibope.

E o que fazem os políticos.
A maioria nem sequer toma conhecimento, afinal, moram em mansões que não correm perigo de desabar, em sua grande maioria, construída com o dinheiro roubado dos cofres públicos e que poderia ter sido investido para evitar tanto sofrimento.

E eles precisam dos pobres somente de quatro em quatro anos.
O prefeito e o governador quase sempre visitam o local e prometem que naquele local isto nunca mais vai acontecer e que vão resolver os problemas das vitimas.
Balela.
Porque a imprensa não procura os atingidos das tragédias anteriores para verificar se a vida de quem sofreu alguma perda foi amenizada? Se deixaram de morar em área de risco, se o governo providenciou uma moradia digna para todos os desabrigados?
Tenho certeza absoluta que os “herdeiros” das desgraças passadas continuam sofrendo suas perdas até hoje.
Pergunte aos pobres de Angra do Reis que foram atingidos, se alguma coisa mudou?
O grande problema do nosso país é que o povo tem memória curta.
As tragédias são facilmente esquecidas.
Em julho, todos estarão com os olhos e ouvidos na África.
Estarão vibrando com as jogadas dos bilionários da bola, que em sua grande maioria jogam apenas pelo dinheiro, e quando perdem um pênalti na final de um campeonato, simplesmente diz que lamenta e que é coisa do futebol.
E daqui as dois anos a cidade da tragédia e o estado dos deslizamentos será a “cidade das olimpíadas”.
Eu estarei torcendo para que o brasil não passe da primeira fase.
Eu continuarei escrevendo que sou contra a olimpíada no brasil.
Eu continuarei escrevendo que sou contra a copa do mundo no brasil.
Se estes dois eventos fossem lucrativos para o país sede, com certeza não seriam disputados em paises do terceiro mundo.
Que é lucrativo para alguém não resta a menor duvida.
Dois eventos que serão realizados para a elite que não está nem aí para o sofrimento dos pobres.
O que mais me irrita nestes eventos são os chamados Voluntários.
Pobres que se sujeitam a trabalhar de graça enquanto uma minoria rouba o dinheiro das obras superfaturadas.
Um assalariado terá dinheiro para assistir os jogos?
Poderá faltar ao trabalho para ver o espetáculo de ricos?
Porque nos asilos os voluntários não aparecem?
Enquanto a maior parte da população, os pobres, não conhecerem sua força e nas urnas fizerem uma mudança geral no Congresso Nacional, pouca coisa vai mudar neste país.
Enquanto famílias de políticos sacanas continuarem tendo seus sobrenomes no cenário nacional, o nosso país vai continuar sendo de terceiro mundo para os “filhos desta pátria, mãe gentil” e de primeiro mundo para uma minoria que sabe como ninguém manipular a vontade da massa votante.
É preciso eleger deputados e senadores que nunca tiveram um mandato. Se for mais um ladrão, pelo menos, levará algum tempo antes de se tornar profissional como os atuais.
Faço questão deixar bem claro, existem as exceções.
Na disputa presidencial, sou a favor da continuidade do projeto atual, apesar dos erros e dos conchavos que se faz para governar, não vejo motivos para mudar.
Não podemos deixar os herdeiros da era FHC voltar ao poder.
Se isto acontecer será uma outra grande TRAGEDIA ANUNCIADA.

Escrito por Geralda Estáquio Ribeiro

Eu digo ainda mais, não devemos votar em ninguém, pois os partidos políticos já trazem pessoas viciadas ao erro.

Nem tudo mudou para melhor...

Tudo mudou... O mundo não é mais o mesmo... Novos tempos...
Realmente a sociedade sofreu grandes mudanças ao longo dos tempos. Novos hábitos foram incorporados, novos recursos tecnológicos e médicos têm ajudado o homem em suas tarefas e em suas lutas contra inimigos naturais.
Mas será que tudo mudou para melhor? Se o foco é a qualidade de vida, a resposta é desanimadora. Isso porque o homem ainda é o mesmo, vítima do egoísmo, da materialidade, do orgulho, do hedonismo. Relaciona-se mal com Deus e com o próximo. Como o que é mau é aquilo que sai de dentro e não o que vem de fora, o homem sofre com as próprias maldades...
Veja abaixo a crônica – O PARADOXO DE NOSSO TEMPO – , divulgada pela Rádio Jovem Pan, pela primeira vez em 1999; novamente divulgada em 2009, mostra-se muito atual, indicando que, após 10 anos, o paradoxo continua o mesmo...

“Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos.
Auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos.
Gastamos mais, mas temos menos.
Nós compramos mais, mas desfrutamos menos.
Temos casas maiores e famílias menores.
Mais conhecimento e menos poder de julgamento.
Mais medicina, mas menos saúde.
Bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma perdulária, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente.
Ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais...
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores.
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com muita frequência.
Aprendemos como ganhar a vida, mas não vivemos essa vida.
Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma.
Escrevemos mais, mas aprendemos menos.
Planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência.
Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral.
Tivemos avanços na quantidade, mas não em qualidade.
Esses são tempos de refeições rápidas e digestão lenta, de homens altos e caráter baixo, lucros expressivos, mas relacionamentos rasos. Mais lazer, mas menos diversão. Maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição.
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis e moralidade também descartável e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar, matar.”

Na Semana Santa revivemos o Mistério da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. A figura central é Cristo, que veio para mudar o homem, fazê-lo novo, mas o homem resiste em converter-se, prefere permanecer o mesmo velho homem, prisioneiro de suas próprias mazelas, de suas fraquezas. Encanta-se com o progresso, mas não cuida da saúde da sociedade, que se vai degenerando em maldades, vícios, conflitos, injustiças; a vida continua ameaçada, desrespeitada, abusada; as desigualdades sociais crescem e a igualdade de direitos parece algo distante. Cristo ressuscitou, provou que é possível acabar com a cultura da morte e fazer proliferar a da vida em abundância. Mas isso depende muito do homem...

Fora com qualquer base norte-americana no Brasil

por PCB [*]

Primeiramente, não sigo algum partido política, mas acho interessante a notícia...

O Partido Comunista Brasileiro manifesta sua preocupação e, ao mesmo tempo, seu repúdio veemente às negociações entabuladas pelo governo Lula com o governo dos Estados Unidos, visando instalar uma base militar de inteligência no Brasil, possivelmente no Rio de Janeiro e/ou na região da Tríplice Fronteira. Seu pretexto oficial seria o de auxiliar a vigilância e o combate ao tráfico de drogas e ao "e;terrorismo"e; no Atlântico Sul.

Porém, uma série de fatores nos leva a crer que a base não visa apenas atingir os fins oficialmente propostos. Em primeiro lugar, porque se tornou comum os Estados Unidos tentarem encobrir a intervenção em outros países para defenderem os seus interesses, com a desculpa de combater o tráfico de drogas e o chamado terrorismo, conceito em que incluem a insurgência e a autodefesa dos povos.

Outro motivo para a instalação de uma base militar em território brasileiro - fato só ocorrido na 2ª Guerra Mundial, quando os Estados Unidos instalaram uma base aérea em Natal para abastecimento e envio de tropas que combatiam o perigo nazi-fascista - se insere na lógica norte-americana de aumentar a militarização crescente da América Latina, como forma de criminalizar e combater as lutas populares.

Nos últimos anos, os Estados Unidos ampliaram sua presença militar na América Latina, através da expansão de suas instalações militares em países limítrofes à Venezuela, cercando este país com bases na Colômbia, Curaçao e Antilhas Holandesas.

Coerente com sua política de militarização da América Latina, como forma de frear as lutas populares e de olho grande nos imensos recursos naturais da região, os Estados Unidos reativaram recentemente a sua IV Frota Naval, desativada desde a década de 1950.

Por fim, será muita "e;coincidência"e; a possível instalação de uma base ianque no Rio de Janeiro, Estado em cuja plataforma marítima se localizam as maiores reservas brasileiras de petróleo, inclusive as do pré-sal. Sabe-se muito bem que as intervenções militares norte-americanas têm sido motivadas, em muitos casos, pela tentativa de controlar as reservas de petróleo (de que os Estados Unidos são os maiores consumidores e dependentes), cujos estoques são cada vez mais escassos.

Pelas razões expostas, o Partido Comunista Brasileiro exige a suspensão imediata dessa negociação. O governo brasileiro não pode ceder qualquer milímetro do território nacional, sobretudo a uma potência imperialista que, para defender seus interesses, se comporta como a polícia do mundo, julgando-se no direito de invadir países, derrubar seus governos e expropriar suas riquezas naturais.

O PCB conclama o conjunto das forças e personalidades anti-imperialistas brasileiras a se somarem num expressivo repúdio a esta vergonhosa negociação.

Rio de Janeiro, 9 de abril de 2010
PCB – Partido Comunista Brasileiro, Comitê Central
Obs.: No momento em que fechávamos a edição desta Nota Política, começaram a chegar notícias de que as negociações se concluíram e que o acordo será assinado na próxima semana, talvez já nesta segunda-feira, em Washington, entre o indefectível ministro de Defesa de Lula, Nelson Jobim (cada vez mais forte no governo), e o secretário de Defesa de Obama, Robert Gates. Estamos apurando essas notícias. Caso sejam verdadeiras, voltaremos a nos pronunciar brevemente sobre o tema.
Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB

O original encontra-se em www.pcb.org.br