sábado, 25 de dezembro de 2010

O traje invisível do rei

por Valmir Fonseca Azevedo Pereira

Uma livre adaptação do conto infantil “A Nova Roupa do Imperador”, do afamado escritor e poeta dinamarquês Hans Christian Andersen .

Na Esbórnia vivia um povo safado e, ao mesmo tempo, crédulo.

O reino era chefiado por um embusteiro, reconhecido “borra - botas”, conforme, exaustiva seleção para a escolha do mais patife cidadão da Esbórnia.

O povo, desinteressado e voltado para a galhofa, não se importava em entregar o seu futuro nas mãos de qualquer um, no mais, para viver na irresponsabilidade, nada melhor do que a “fraude ambulante”, famoso por suas fantasiosas mentiras, ego grandioso, comentado narcisismo e imensurável vaidade.

O soberbo primava pela “cara - de – pau” e por vestir - se suntuosamente. Era tão apaixonado pelas roupas novas, que gastava com elas todo o dinheiro que possuía. A cada dia, um novo traje, um desbunde.

Seus súditos comentavam felizes suas lorotas e, arrematavam com orgulho, que a cada discurso a “fraude” se superava.

Na capital onde vivia, a vida era muito alegre; todos os dias chegavam multidões de forasteiros para visitá-la, e, entre eles, certa ocasião, um arrematado vigarista, que se fingindo de tecelão, alardeava - se capaz de tecer os tecidos mais belos e suntuosos do mundo.

O presunçoso rei, impressionado com a sua fama, mandou chamá - lo. Diante da arrogante figura, o bandido afirmou que poderia fazer uma roupa maravilhosa, cara e bonita, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la.

Inflamado com a possibilidade de possuir uma roupa com beleza e riquezas nunca vistas no reino, entregou para o bandido, um baú cheio de diamantes, pérolas, rubis, ouro e uma centena das pedras mais preciosas que havia requisitado dos seus abonados súditos.

Assim, fingindo tecer a roupa com fios invisíveis, o fajuto alfaiate passou a “confeccionar” o rico traje. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o “soberbo vaidoso” exclamou, “que linda veste! O traje está magnífico”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois não queria admitir que fora enganado. O séquito de puxa - sacos, para não contrariá – lo, e não passar por tolo concordava, e muitos emendavam, “um espanto meu rei, finalmente um vestuário com a sua cara”.

Dias depois, o traje estava “pronto”, e o rei resolveu marcar uma grande parada para exibir as novas vestes reais.
Supimpa, completamente nu, o ególatra desfilava com pompa e circunstância e o povo, estupefato aplaudia, delirava. Até que, uma inocente criança, não se conteve e gritou “o rei está nu”.

Um calafrio percorreu o corpo pelado. A multidão estarrecida, nem respirava.

O tempo parou por alguns segundos. Mas, depois prosseguiu.

A turba, refeita da surpresa, caiu de xingamentos e agressões sobre o pobre menino, que sob uma saraivada de pauladas e pedradas está a correr, conforme diz a lenda, até hoje.

Moral da história: Por mais idiota que seja a maioria, ela sempre tem razão, ou para quem gosta de “bosta” um saco cheio de “merda” é uma mega - sena.

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Conto de Natal – Maria e José na Palestina em 2010

por James Petras

Os tempos eram duros para José e Maria. A bolha imobiliária explodira. O desemprego aumentava entre trabalhadores da construção civil. Não havia trabalho, nem mesmo para um carpinteiro qualificado.

Os colonatos ainda estavam a ser construídos, financiados principalmente pelo dinheiro judeu da América, contribuições de especuladores de Wall Street e donos de antros de jogo.

"Bem", pensou José, "temos algumas ovelhas e oliveiras e Maria cria galinhas". Mas José preocupava-se, "queijo e azeitonas não chegam para alimentar um rapaz em crescimento. Maria vai dar à luz o nosso filho um dia destes". Os seus sonhos profetizavam um rapaz robusto a trabalhar ao seu lado… multiplicando pães e peixes.

Os colonos desprezavam José. Este raramente ia à sinagoga, e nas festividades chegava tarde para fugir à dízima. A sua modesta casa estava situada numa ravina próxima, com água duma ribeira que corria o ano inteiro. Era mesmo um local de eleição para a expansão dos colonatos. Por isso quando José se atrasou no pagamento do imposto predial, os colonos apropriaram-se da casa dele, despejaram José e Maria à força e ofereceram-lhes bilhetes só de ida para Jerusalém.

José, nascido e criado naquelas colinas áridas, resistiu e feriu uns tantos colonos com os seus punhos calejados pelo trabalho. Mas acabou abatido sobre a sua cama nupcial, debaixo da oliveira, num desespero total.

Maria, muito mais nova, sentia os movimentos do bebé. A sua hora estava a chegar.

"Temos que encontrar um abrigo, José, temos que sair daqui… não há tempo para vinganças", implorou.

José, que acreditava no "olho por olho" dos profetas do Antigo Testamento, concordou contrariado.

E foi assim que José vendeu as ovelhas, as galinhas e outros pertences a um vizinho árabe e comprou um burro e uma carroça. Carregou o colchão, algumas roupas, queijo, azeitonas e ovos e partiram para a Cidade Santa.

O trilho era pedregoso e cheio de buracos. Maria encolhia-se em cada sacudidela; receava que o bebé se ressentisse. Pior, estavam na estrada para os palestinos, com postos de controlo militares por toda a parte. Ninguém tinha avisado José que, enquanto judeu, podia ter-se metido por uma estrada lisa pavimentada – proibida aos árabes.

Na primeira barragem José viu uma longa fila de árabes à espera. Apontando para a mulher muito grávida, José perguntou aos palestinos, meio em árabe, meio em hebreu, se podiam continuar. Abriram uma clareira e o casal avançou.

Um jovem soldado apontou a espingarda e disse a Maria e a José para se apearem da carroça. José desceu e apontou para a barriga da mulher. O soldado deu meia volta e virou-se para os seus camaradas. "Este árabe velho engravida a rapariga que comprou por meia dúzia de ovelhas e agora quer passar".

José, vermelho de raiva, gritou num hebreu grosseiro, "Eu sou judeu. Mas ao contrário de vocês… respeito as mulheres grávidas".

O soldado empurrou José com a espingarda e mandou-o recuar: "És pior do que um árabe – és um velho judeu que violas raparigas árabes".

Maria, assustada com o caminho que as coisas estavam a tomar, virou-se para o marido e gritou, "Pára, José, ou ele dispara e o nosso bebé vai nascer órfão".

Com grande dificuldade, Maria desceu da carroça. Apareceu um oficial do posto da guarda, a chamar por uma colega, "Oh Judi, apalpa-a por baixo do vestido, ela pode ter bombas escondidas".

"Que se passa? Já não gostas de ser tu a apalpá-las?" respondeu Judith num hebreu com sotaque de Brooklyn. Enquanto os soldados discutiam, Maria apoiou-se no ombro de José. Por fim, os soldados chegaram a um acordo.

"Levanta o vestido e o que tens por baixo", ordenou Judith. Maria ficou branca de vergonha. José olhava para a espingarda desmoralizado. Os soldados riam-se e apontavam para os peitos inchados de Maria, gracejando sobre um terrorista ainda não nascido com mãos árabes e cérebro judeu.

José e Maria continuaram a caminho da Cidade Santa. Foram frequentes vezes detidos nos postos de controlo durante a caminhada. Sofriam sempre mais um atraso, mais indignidades e mais insultos gratuitos proferidos por sefarditas e asquenazes, homens e mulheres, leigos e religiosos – todos soldados do povo Eleito.

Já era quase noite quando Maria e José chegaram finalmente ao Muro. Os portões já estavam fechados. Maria chorava em pânico, "José, sinto que o bebé está a chegar. Por favor, arranja qualquer coisa depressa".

José entrou em pânico. Viu as luzes duma pequena aldeia ali ao pé e, deixando Maria na carroça, correu para a casa mais próxima e bateu à porta com força. Uma mulher palestina entreabriu a porta e espreitou para a cara escura e agitada de José. "Quem és tu? O que é que queres?"

"Sou José, carpinteiro das colinas do Hebron. A minha mulher está quase a dar à luz e preciso de um abrigo para proteger Maria e o bebé". Apontando para Maria na carroça do burro, José implorava na sua estranha mistura de hebreu e árabe.

"Bem, falas como um judeu mas pareces mesmo um árabe", disse a mulher palestina a rir enquanto o acompanhava até à carroça.

A cara de Maria estava contorcida de dores e de medo; as contracções estavam a ser mais frequentes e intensas.

A mulher disse a José que levasse a carroça de volta para um estábulo onde se guardavam as ovelhas e as galinhas. Logo que entraram, Maria gritou de dor e a palestina, a que entretanto se juntara uma parteira vizinha, ajudou rapidamente a jovem mãe a deitar-se numa cama de palha.

E assim nasceu a criança, enquanto José assistia cheio de temor.

Aconteceu que passavam por ali alguns pastores, que regressavam do campo, e ouviram uma mistura de choro de bebé e de gritos de alegria e se apressaram a ir até ao estábulo levando as suas espingardas e leite fresco de cabra, sem saber se iam encontrar amigos ou inimigos, judeus ou árabes. Quando entraram no estábulo e depararam com a mãe e o menino, puseram de lado as armas e ofereceram o leite a Maria que lhes agradeceu tanto em hebreu como em árabe.

E os pastores ficaram estupefactos e pensaram: Quem seria aquela gente estranha, um pobre casal judeu, que chegara em paz com uma carroça com inscrições árabes?

As novas espalharam-se rapidamente sobre o estranho nascimento duma criança judia mesmo junto ao Muro, num estábulo palestino. Apareceram muitos vizinhos que contemplavam Maria, o menino e José.

Entretanto, soldados israelenses, equipados com óculos de visão nocturna, reportaram das suas torres de vigia que cobriam a vizinhança palestina: "Os árabes estão a reunir-se mesmo junto ao Muro, num estábulo, à luz das velas".

Abriram-se os portões por baixo das torres de vigia e de lá saíram camiões blindados com luzes brilhantes, seguidos por soldados armados até aos dentes que cercaram o estábulo, os aldeões reunidos e a casa da mulher palestina. Um altifalante disparou, "Saiam cá para fora com as mãos no ar ou disparamos". Saíram todos do estábulo, juntamente com José, que deu um passo em frente de braços virados para o céu e falou, "A minha mulher Maria não pode obedecer às vossas ordens. Está a amamentar o menino Jesus".

O original encontra-se em http://petras.lahaine.org/articulo.php?p=1831&more=1&c=1 . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O drama de Maria, José e Jesus

por Eliakim Araujo em Miami

Na semana que passou, uma jovem mãe brasileira que vive no sul da Flórida recebeu em casa a visita de seis agentes da Imigração americana e só não foi levada presa porque tem um bebê de apenas dois meses, mas foi notificada de que terá que comparecer a uma Corte, junto com o marido, para justificar-se perante um juiz da sua permanência nos Estados Unidos, sem a devida documentação legal.

Os agentes, na verdade, procuravam por uma outra brasileira que morou anteriormente na mesma casa alugada, ou seja, atiraram no que viram e acertaram no que não viram. E a nossa jovem mãe, ao provar que não era ela a mulher procurada, acabou revelando sua vulnerabilidade legal. Os únicos documentos que possuia, os passaportes brasileiros dela e do marido, foram apreendidos pelos visitantes inesperados e indesejados.

Maria e José, vamos chamá-los assim, vivem há vários anos nos EUA e sonham em voltar para o Brasil com algum pé-de-meia. Para isso trabalham duro de sol a sol, ele como handyman – aquele que faz serviços gerais em uma casa – e ela como manicure em um salão de beleza de brasileiros (trabalho do qual está afastada para cuidar de Jesus, o filho recém-nascido). Todo dinheirinho que juntam é mandado para a família no Brasil.

Maria, José e Jesus formam uma típica família brasileira nos Estados Unidos, gente honesta e humilde que veio geralmente do interior do Brasil em busca de uma oportunidade no país do qual ouviram dizer maravilhas, onde não falta trabalho e é fácil construir fortuna e ter acesso ao carro e à casa própria. Mas não têm acesso à mídia, a não ser quando cometem ou são vítimas de algum crime.

Em busca do sonho americano, todos os anos milhares de brasileiros, como Maria e José, correm atrás dele. Entram na terra do Tio Sam clandestinamente, correndo todos os riscos possíveis e imagináveis, até mesmo de morte, como aconteceu recentemente com quatro brasileiros que foram fuzilados por narcotraficantes no México, junto com dezenas de latinos que pretendiam atravessar a fronteira. E, se escapam dos sicários mexicanos, ainda têm que fugir da polícia de imigração americana, quando não morrem de fome e sede no deserto.

O drama de Maria, José e Jesus aconteceu na mesma semana em que o presidente Lula participava de uma festa no Itamaraty, no Rio, quando foi empossado o Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE), nome pomposo para uma entidade de utilidade praticamente nenhuma.

Enquanto havia choro e medo na casa de uma humilde família de brasileiros, os membros do CRBE faziam sua festiva reunião com o presidente Lula e o pessoal do Itamaraty. Esta semana os membros do Conselho voltaram para casa trazendo orgulhosos, como troféus, a foto ao lado do presidente, que hoje povoam seus facebooks e jornais locais. Apesar de sabermos que alguns desses “conselheiros” fizeram cerrada campanha contra Dilma, que teve em Miami, por exemplo, 692 votos contra 3.340 de Serra.

Como disse recentemente nosso colega aqui do DR, Rui Martins, um batalhador incansável pela criação de órgão federal que cuide e defenda efetivamente os interesses das comunidades brasileiras em todo o mundo, o que acaba de ser criado nada mais é do que “um grande convescote, uma feira de vaidades com a presença de um grupo de brasileiros que irá ao Brasil regularmente, com passagens pagas pelo governo, para confratenizar com o pessoal da diplomacia brasileira “.
Enquanto isso, dramas como o de Jesus, Maria e José, cujo destino será a prisão ou a deportação, continuarão a se multiplicar diariamente nas cidades americanas. O que pode fazer o tal Conselho por eles? Nada, absolutamente nada.

O "balanço" do desgoverno Lula

Esse é a palavra certa para nominar o crescimento do Brasil. Cresceu em média 4% nos oito anos no "des" governo do presidente Lula. segundo o Fundo Monetário Internacional, nosso país ficou abaixo da média da América Latina. Considerando as estimativas do FMI, entre 2003 e 2010, o Brasil fica à frente apenas do México, que cresceu 2,1% nesse período, se consideradas as economias da América Latina. O país empata com Chile e Paraguai, que também fecharão o período 2003-2010 com crescimento médio de 4%. A Argentina, por exemplo, registrará taxa de 7,4%; o Peru, de 6,4%; e a Venezuela, de 4,6%.

Aumento salarial e reformas

Aumento salarial

Infelizmente não para nós, mas sim para eles, os sanguessugas, num verdadeiro ato de leza-Pátria, no apagar das luzes de 2010, descaradamente, vergonhosamente, planejam dar a si mesmo um tremendo presente de natal, aprovando um reajuste salarial de 61,83% e um aumento de 133,96% no valor do vencimento do presidente da República. O projeto já está no forno e entra entrou em pauta nesta semana e, evidente, como eles não possuem vergonha na cara, irão aprovar a toque de caixa, passando o salário da "mãe do pobres" para R$ 26.723,00 - o mesmo pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal, teto do funcionalismo público. Hoje essas nefastas criaturas recebem bruto R$ 16.512,00 mas embolsam 15 salários por ano, isso sem contar todas as mordomias, começando com passagens aéreas, gastos telefônicos, gasolina, carros, motoristas....

Reformas

Como se fosse pouco e, como o dinheiro não é deles mesmo, um mês depois de abrir edital para redecorar cozinha e sala de jantar, a casa da mão joana agora vai reformar os móveis das salas e dos quartos dos apartamentos funcionais usados pelos deputados. O valor da reforminha já está em R$ 587 mil. Para você ter uma pequena idéia, o custo para a substituição de tecido de cada um dos 200 sofás de dois lugares, por exemplo, é de R$ 490,00 com gasto total estimado em R$ 98 mil. Já a troca do tecido apenas do encosto de dez sofás-camas vai sair por R$ 2.400,00 (R$ 240,00 cada) e os pufes de cara nova, R$ 12.300,00. Vale lembrar que no mês passado a Câmara abriu edital para a compra de geladeiras duplex "frost free", camas "king-size" e mobília completa para sala de jantar, entre outros, para os 144 apartamentos que estão sendo reformados. A reforma dos 144 apartamentos terá um custo total de R$ 47 milhões, com previsão de término para junho do próximo ano.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Esmola e caridade

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.

Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.

Exemplos? Eis alguns:

Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.

Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.

Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.

Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.

Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a reputação alheia.

Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.

Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o aconselhassemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar a efeito.

Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.

Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a prepotência do forte e a usura do rico.

Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.

Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.

Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a serem atendidos em primeiro lugar.

Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.

Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.

Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.

Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.

Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.

Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.

E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.

Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.

Porquê?

É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.

Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.

Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!

Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.

Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a caridade é o cumprimento da Lei."

Mensagem do dia

Alma corajosa não é aquela que se dispõe a revidar golpe recebido e sim aquela que sabe desculpar e esquecer.

O bisonho legado da primeira-dama

por Augusto Nunes

A Marisa está se dedicando exclusivamente à trabalheira que dá a mudança para São Bernardo”, acaba de avisar o presidente Lula, encerrando oficiosamente o segundo mandato da primeira-dama. Única ocupante do posto a ocupar um gabinete no Palácio do Planalto, Marisa Letícia Lula da Silva foi também a única que não dedicou um único minuto aos programas sociais do governo. Jamais se soube o que fez dentro da sala, só o que fazia ao sair dali: entrava sem bater no gabinete presidencial, dizia que já era tarde e arrastava o marido para casa.

As raras anotações na folha de serviços informam que Marisa Letícia não conseguiu plantar no jardim do Palácio da Alvorada a estrela de sálvias que reproduzia o símbolo do PT, mas conseguiu instalar um galinheiro na Granja do Torto e também conseguiu a cidadania italiana. Que manejou o cartão corporativos como poucas e viajou como nenhuma outra primeira-dama, mas não sabe direito onde gastou nem onde esteve.

Que obrigou o prefeito Eduardo Paes a escrever uma carta pedindo desculpas por ter ofendido a Primeira Família, mas ninguém ainda conseguiu obrigá-la a entregar ao patrimônio da União aquelas joias que ganhou numa passeio pelos Emirados Árabes.

As anotações informam ainda que foi condecorada ninguém sabe por quais motivos e que mudou de rosto, mas não de temperamento: de janeiro de 2003 até agora, guardou para dar palpites em casa a voz que raramente usou em público. Fez três discursos sobre temas distintos. Tudo somado, falou pouco mais de um minuto. Não disse rigorosamente nada.

Marisa Letícia Lula da Silva será lembrada por ter ilustrado exemplarmente uma lição antiga: existe a ausência que preenche uma lacuna.

COM ESTA IMAGEM, ESPERAMOS NOS DESPEDIR DEFINITIVAMENTE (AMéM) DESTA FIGURA QUE PAIRA ENTRE O BREGA E O CARICATO.

O BRASIL NãO MERECERIA, ACREDITO EU.... MAS CERTOS NATIVOS APRECIAM O GÊNERO.

Fonte: Revista Veja

Cordial saudação

Você ainda tem alguma duvida? A mentira tem perna curta. Desde as montanhas da Colômbia, nosso saúdo cordial, bolivariano, com anseios de Pátria Grande. Permita-nos juntarmos à justificada alegria do grande povo de Luis Carlos Prestes, ante o fato de ter, pela primeira vez na história do Brasil, uma presidenta; uma mulher sempre ligada à luta pela justiça.Presidenta Dilma, para você, nosso aplauso e reconhecimento. Sua exaltação à presidência da República Federativa, somada à sua pública convicção da necessidade de uma saída política ao conflito interno da Colômbia, tem centuplicado nossa esperança na possibilidade de alcançar a paz pela via do diálogo e da justiça social. Estamos seguros que a nova presidência do Brasil jogará papel determinante na aclimatação da paz regional e na irmandade dos povos do Continente. De você, atenciosamente, Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP Montanhas da Colômbia, Novembro de 2010.

http://anncol-brasil.blogspot.com/2010/11/farc-ep-sauda-eleicao-de-dilma.html.